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terça-feira, 11 de junho de 2019

bora cronicar - Pequeno Conto de Um Amor Tatuado

bora cronicar

Pequeno Conto de Um Amor Tatuado

Essa é mais uma história daquelas tão incrivelmente comuns, em que a gente diz: “ninguém poderia imaginar…”!
E a turma da escola comentava mesmo: como logo ela, foi acabar namorando um garoto como ele? 
Ela tirava sempre as melhores notas. Era a queridinha dos professores. Trazia os trabalhos escolares mais caprichados… Enquanto as outras meninas da turma conversavam sobre namoros, ela sempre ficava mais quieta, escutava mais do que falava e admirava-se a cada história de beijos roubados, desejados, reais ou imaginários. 
Ele era da turma acima. E era mais velho que todos, porque havia repetido de ano em outra escola (era o que diziam!). Tinha uma tatuagem em cada um dos braços, uma tatuagem na mão e punho direitos, uma tatuagem no pescoço e, nas aulas de educação física, que ele não gostava mas era obrigado a fazer, podiam ver que tinha tatuagem na panturrilha de uma perna e no tornozelo da outra; usava camisas com as mangas arrancadas, transformadas em coletes, usava colares grossos, brincos e, às vezes, pintava as unhas de preto. O cabelo nunca era com o mesmo corte, penteado ou cor, de uma semana para outra. 
Ele tinha modos agressivos, e os professores não nutriam qualquer simpatia por ele.
E foi logo por ele, que ela - justo ela! - deixou-se apaixonar.
… ninguém poderia imaginar…
O tempo foi passando e, como era de esperar, as notas que ela tirava caíram. Ela mudou o modo de vestir-se e de falar. Começou a ouvir rock’n’roll… 
Todos acharam que aquele namoro não iria durar, mas acabou a escola (ela sem ter feito as melhores notas como antes) e eles ainda estavam namorando. Ela prestou vestibular para comunicação, não medicina como todos esperavam, e ele, quando terminou a escola, estava, já, com uma banda de rock. Com o tempo, houve mais tatuagens em sua pele.
Ele contou para ela, a história de cada tatuagem, e das lembranças que cada uma trazia! Havia o nome da irmã em uma delas. O nome da mãe em outra. Sobre o ponto de interrogação tatuado na panturrilha, no meio de uma névoa, ele nunca falava, mas ela sabia que aquela significava seu pai. E houve, depois de algum tempo, o nome de Dylan, o cachorro, que havia morrido depois de conquistar também a ela. 
Um dia, depois de algum tempo, quando ela aceitou morar com ele, para desgosto dos pais, sem o casamento que a mãe sonhara, ele tatuou o nome dela em uma linha vertical, no meio do peito, em letras grandes que iam do pescoço ao umbigo. 
Antes que vivessem a aventura de ter filhos, como eram os planos deles, ele adoeceu. Uma doença rápida e sem volta. 
E ela ficou ao lado dele, como fizera desde que se conheceram na escola quinze anos antes. 
Naquela época, ninguém poderia imaginar… como ninguém imaginou que se as notas dela caíram um pouco, as dele melhoraram significativamente. Ninguém imaginou que, quando ele terminou a escola, vários professores abraçaram-no com um sorriso sincero. Ninguém imaginou que ele se havia tornado um pouco ela, enquanto ela se havia tornado um pouco ele… 
E os anos que passaram juntos, foram ora difíceis, ora mais tranquilos… mas sempre, intensos!
Quando ele estava para deixa-la, sem mágoas, culpas, ou desejos frustrados, ele olhou pra ela, como olhava ainda nos tempos de escola, e falou:
— Você nunca fez uma tatuagem minha.
Ela sorriu, apenas, como fazia quando falava direto com o coração dele. 
E ele sorriu de volta o melhor sorriso, compreendendo que estava tatuado nela pra sempre!
Porque as lembranças carregadas de amor, são as tatuagens da alma!

Luís Augusto Menna Barreto

11.6.2019

14 comentários:

  1. Bravo! lindo demais...o amor...ah, o amor! "as lembranças carregadas de amor, sao as tatuagens da alma", seus versos realmente tatuam na nossa alma.

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    1. Bom dia, Nilce...
      Acho que todos nós temos nossas tatuagens na alma...!

      Super obrigado por tanta gentileza...!

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  2. Muito lindo!!!!As lembranças boas são realmente tatuagens na alma!!! Perfeita a crônica!!! Aplausos!!!!

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    1. Michele... professora Michele...!
      ... quero minha alma toda tatuada...! Em cores alegres! Que nunca se apaguem as boas lembranças!

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  3. Ai Lico, hoje chorei!!! Fui lendo e vendo cada momento, até o sorriso que ela deu no final!!! Lindo demais, as marcas da alma são mesmo eternas!!! Abraço!!!

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    1. Bora ir tatuando a alma cada vez mais... quero chegar em São Pedro, com minha alma toda colorida...!!!!!!

      Mil obrigados, Tatay!!!!!!!!!!

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  4. Achei lindo isso, "lembranças carregadas de amor, são tatuagens na alma" de modo que não existe quem não seja tatuado na alma. Ah, e esse amor entre duas pessoas tão diferentes, tão lindo. ... um o complemento do outro. .. a crônica de hoje me emocionou. ...

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    1. Nice.... tão obrigado!!!! Fiquei tão feliz ao saber que a crônica de hoje pode tocar-te...!!!!

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  5. "...tatuagens na alma!!!!"
    Pérola da mais alta qualidade!!! Seu tesouro é literalmente inesgotável, Poeta!!!
    GRATIDÃO por partilhá-lo conosco!!!!!

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    1. Armelinda..... sempre sinto tua ausência!!!!
      Como é bem ver que vieste aqui!!!!!!!

      Bora tatuar a alma!!!!

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  6. Coisa linda teus escritos! Enche o coração de amor e ternura. Linda crônica!

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    1. Super obrigado, Denise... É justamente para isso que solto as palavras: com a real intenção de tocar as pessoas, de trazer algum tipo de emoção... de provocar lembrança ou sentimento!

      Realmente, obrigado!

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