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domingo, 8 de março de 2020

A Morte do Ateu - parte 4 - ... o fim!


Anteriormente em “A Morte do Ateu”
"— (…) Não há nada depois!
— E o que tu vês agora?”
(…)
— Se estiveres certo, tu estás no nada, e eu não sou.
— Não és o quê?
— Diga-me ateu: o que tu negavas?”
(…)
— Afirmas o nada, mas sentes; nega-me, mas pensa-me. Dize-me tu, ateu: o que sou?

_______parte 4 - o fim_______

— És a fábula dos covardes, o reflexo do medo do vazio. És a invenção dos desesperados…
— Quem são os desesperados?
— Ora, todos os que tem fé! Os covardes que enganam a si mesmos, criando-te em suas mentes, apenas para não enfrentar a verdade do vazio! 
— E tu, ateu? Quais eram tuas esperanças?
— Minhas esperanças? Ora, não sejas tolo! Eu não tenho esperanças. Nunca as tive.
— O que são esperanças, ateu?
— Tu o sabes! Porque me perguntas?
— Porque se me negas, eu não sou! Eu sequer existo, como posso ter respostas que não estejam em ti?
— Ah!, vá lá, se queres estes jogos: esperança é expectativa, é aquilo que se deseja, é o que se espera.
— Dizes, então, que sou a esperança dos que tem fé? O que é o desespero, ateu?
— É… bem, é a falta de esperança… é não as ter.
— Então, quem é o desesperado? 
— … é…
— … Os que esperam em mim, ou os que me negam?
— Pare com isso! Estás usando ardil para confundir-me! Eles são desesperados! Não eu! Eu estou certo! Nada existe!
— Com quem falas, ateu? A quem gritas?
— Eu… eu…
— Não sabes, ateu? No fundo do teu coração, não sabes? 
— Pare… não vou deixar confundir-me… pare…
— A quem tantas vezes levantaste os olhos e escapava-te “meu Deus”, ao sinal de perigo? A quem rezaste em teu íntimo, sem admitir, ao ver teus próximos jazendo doentes? Por quem clamaste cada vez que, sarcástico, dizias “sou ateu, graças à Deus”? 
— Pare… por favor, pare…
— O que estás vendo agora, ateu?
— … como…? Como? De onde vieram…? Para onde vão…? São… são almas!?
— Por que olhas aflito à multidão que agora vês? Procuras alguém, ateu? A mãe que perdeste criança? O pai que não conheceste? Quem pensas que foi a mão que te ofereceu as escolhas quando oravas a mim, sem saber?
— Eu… eu vejo… esse portão…! Agora vejo… de onde saiu tudo isso?
— Se tu vês, sempre esteve aqui!
— O que é esse portão?
— É onde te apresentarás.
— O que acontecerá?
— Serás julgado!
— Por quem?
— Por quem sempre acreditaste, negando-o.
— Mas… não posso ser julgado Não me deixarão entrar… serei condenado! Sempre te neguei! Nunca me permiti acreditar… 
— Entrarás, se conseguires perdão…
— Mas como conseguirei? Tu me perdoarás? 
— Não sou eu quem tem de perdoar-te para que passes pelo portão!
— … quem?
— Diga-me, ateu: tu te perdoas?

... o fim!

Luís Augusto Menna Barreto

8.3.2020



20 comentários:

  1. Um texto maravilhoso!!Daqueles que te levam realmente a mais profunda reflexão!!
    Eu amei!!!

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    1. Michele!!!!!!
      Suuuuuuper obrigado!!! Achei que tu escolherias este final!!!!!

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    2. De fato, Michele, esse é meu preferido... mas, na verdade, houve dois finais.... o 'NADA' também está publicado, em outro link!
      Mas, sinceramente, acho que no fundo, levam ao mesmo entendimento!

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  2. Que maravilha poeta, amei parabéns !! 👏👏👏

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    1. Obrigado demais, Liu!!!
      Que legal que escolheste este final!

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    2. Sim, surpreendeu a todos nós,espero que outras pessoas venha conhecer seu blog e tudo de bom que aqui tem pra ler essas crônicas que ótimas. Sucesso sempre escritor Menna!!

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    3. Liu.... na verdade, eu nem sei como agradecer essa tua gentileza!
      Obrigado demais!

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  3. Torcia intensamente por esse fim! Que bom,Poeta!!!! 👏👏👏👏👏👏

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    1. Eu só encontrei o final hoje, escrevendo... Mas acho que, dentro de mim, alguma coisa dizia-me que seria assim...
      E, depois de haver escrito, notei que foi coerente ao final de Brechó das Almas!
      Obrigado, Armelinda!

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  4. Acho que...houve uma conexão entre os dois personagens! Foi bastante intenso o sentimento que o ateu externou durante o diálogo. Sou apaixonada pela leitura por isso, dependendo da sensibilidade do escritor, o leitor sente todas a emoções dos personagens! E você tem esse DOM! Isso é maravilhoso!!!!

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    1. Tão obrigado, Armelinda...
      Este conto foi, também, uma aventura de descobertas para mim! Eu me sinto imensamente feliz por teu comentário!!!!

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  5. Final perfeito, arrebatador, que nos leva à reflexão de que Deus sempre perdoa; nós é que precisamos nos perdoar.
    Parabéns, caríssimo Luís, o escritor.
    Você sabe prender a atenção do leitor.
    Adorei o Conto....👏👏⚘⚘⚘

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    1. Professora, eu fico imensamente agradecido!!!
      É maravilhoso quando a literatura consegue tocar o leitor...! Obrigado demais!!!!!!!

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  6. Que final fantástico, Poeta!
    Quando falas da fé, trazes a esperança.
    E o destino que Jesus nos reservou. O nosso próprio perdão. E o perdão do Pai.
    Tocou-me profundamente.

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    1. Acho que, sobretudo, Ele quer que nós mesmos nos perdoemos... Ele nos quer sem culpas... Ele quer que aceitemos a misericórdia...
      Acho que isso que me levou a este final!
      Obrigado demais, Maria!

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  7. Quanta clareza... não há dúvida... nem desespero que nos separe de DEUS.
    Parabéns, mais uma vez.

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    1. Acho que mesmo que nos separemos, no fim, Ele ainda está de braços abertos a perguntar-nos: "Tu Me aceitas?"

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  8. E este desenho... Seu, Dr. Menna... ou João Produções...

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    1. Eu diria que é uma associação de mennaempalavras com João Menna Corações Unidos Produções!

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