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terça-feira, 31 de maio de 2016

crônica - Só é traição se os outros sabem que o traído sabe

Só é traição, se os outros sabem que o traído sabe
Originalmente  publicado no antigo blog
"Menna Comentários", precursor deste.
Data da postagem original: 14.02.2016.
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.
Esta, não é exatamente um caso que tenha acontecido em audiência ou mesmo dentro do fórum. Mas acontece que o personagem mais efetivo desta história era um “frequentador” assíduo do fórum, sempre envolvido em um ou outro caso de pensão de alimentos ou em algum caso de investigação de paternidade.
 Pois no fim das contas, foi o próprio que contou essa história, num intervalo entre uma audiência e outra… dele mesmo, com duas autoras diferentes! 
 Ora, se ele próprio conta entre uma audiência e outra, então também posso contar!
 Diz que o caboclo tinha recém juntado as escovas de dentes com uma morena lindaça, depois de três ou quatro uniões que não deram certo. Dessa vez vai, pensava. E estava bem empolgado. Ele, com 1m60 de altura e ela com quase 1m70, ele se perdia nos braços suados da morena e estava em lua de mel consigo mesmo, se achando “o cara”! 
 Ah!, mas tenho de dizer que isso se deu na cidade de Bagre, cuja sede é uma ilha, pertence à 8a Região Judiciária, polo do Marajó, mas já fica pro outro lado do rio, já no lado do continente. Fica distante 4 horas de viagem fluvial nos barcos que fazem a linha Breves/Bagre e distante 10 horas no navio que faz a linha Breves/Belém, passando por Bagre.
 Para se ir de Bagre para Belém, tem-se que primeiro pegar um barco que sai de Bagre às 18h30min, o qual depois de navegar por cerca de 1 hora ou mais, aguarda a passagem do navio que sai de Breves com destino a Belém, e passa próximo à Ilha das Araras. Quando o navio aponta no rio, o barco, que já estava amarrado ao trapiche da Ilha das Araras com os passageiros comendo alguma coisa na venda do trapiche local, todos entram novamente no barco e o encontro entre barco e navio dá-se no meio do rio, com os passageiros pulando do barco para o navio por volta de 8h da noite, para chegarem em Belém próximo de 6h da manhã.
 Pois eis que em determinado dia, nosso indigitado “Dom Juan Marajoara” avisa a nova patroa que tem de ir em Belém. Por volta de 18h sai de casa com um ardente beijo e caminha rumo ao trapiche da empresa que faz a linha fluvial. A passagem custava então, R$ 70,00 para que atasse sua própria rede nos aparadores que tem ao longo de todo o navio, e tinha também algum dinheiro para o lanche. Ocorre que o caminho até o barco que sai com os passageiros, faz passar pelo trapiche municipal de Bagre, onde tem a lancheria. Ali, já tinha uns amigos tomando uma ou outra cerveja, depois de uma partida de futebol, que ele próprio não jogara porque justamente iria para Belém. Vendo os amigos, decidiu ir até ali, já que ainda dispunha de uns 20 minutos.
 Conversa vai, conversa vem, uma ou outra cerveja, desce mais uma ou duas com seu próprio dinheiro, e adeus viagem. Quando deu conta, o relógio já apontava quase nove horas da noite.
 Quem é do local sabe que, perdendo a saída do barco, não tem remédio: só no dia seguinte!
 Sem muita preocupação, afinal de contas, pensou, ida para Belém tem todo o dia, resolveu voltar para casa e aconchegar-se nos braços da morena.
 Pois aí que se deu o problema! Chegando em casa, sequer havia levado a chave, resolveu por dar a volta na casa para entrar pelos fundos, porta que certamente estaria aberta.
 Ao dar a volta, passa pela janela de seu próprio quarto e ouviu sussurros! Parou, quase congelado. Espichou o ouvido (se é que isso é possível) e tentou escutar o que diziam. Pois ninguém falava nada. O que escutou foram alguns sussurros que diziam tudo!
 Era um tal de “huummm”, “aaaaiii”, “isssooo”, “maissss”, “hmmmmmm" que deixou o caboclo sem muita ação.
 No mesmo momento compreendeu o dilema: na filosofia local, o caboclo só era corno, se descobrisse a traição… não, mais que isso: só era corno, se descobrisse a traição e os amigos soubessem que ele havia descoberto! 
 E agora? Precisava tomar uma atitude.  
 Poderia entrar e acabar logo com aquela pouca vergonha! Xingamentos pra todo o lado, e sabe-se lá o resultado! (Ele ponderava, também, que tinha só 1m60 de altura e sabe-se lá o tamanho do mal acabado que se deleitava com sua morena!).
 Mas tinha um outro ponto… ele não queria perder essa morena! “O que é só uma traiçãozinha, doutor?”, dizia-me com sua lógica cabocla. “Isso acontece com todo mundo. Não podia deixar de ter essa mulher só por uma bobagem dessas!”
 Por outro lado, o caboclo também pensou que não podia correr o risco de não ter ido viajar, e o outro estar aproveitando o que a morena deveria estar oferecendo para si próprio! “Se eu tivesse ido viajar, não tinha problema. Sei que eu tava correndo esse risco, doutor, mas pelo menos eu não ia estar aqui e nem ia saber. E sabe lá se não encontrava uma morena com frio durante a viagem pra Belém, precisando de um lugar na minha rede pra se esquentar. Daí, tudo bem!”
 "Mas o que tu fizeste?”, perguntei. E, confesso, pedi para o auxiliar aguardar uns minutinhos para chamar a próxima autora para audiência (que também cobrava pensão de alimentos para um outro filho do narrador daquela história).
 "Resolvi o problema! Enrolei um pedaço de rede pela minha boca para abafar minha voz, fui até embaixo da janela e gritei: LARGA A MULHER DOS OUTROS, SEU OTÁRIO!”
 Tendo gritado isso, ele saiu correndo para a frente da casa, em direção à rua e o “Ricardão” saiu pelos fundos. O pequeno “Dom Juan” disse que não queria nem arriscar a ver o cara, porque poderia ser seu amigo (e provavelmente seria, considerando que Bagre tem apenas uns seis mil habitantes em sua sede). Esqueci de dizer que ele notou a falta de dois dos jogadores do time de futebol no trapiche, os quais normalmente não faltariam à cerveja pós jogo, salvo por motivos de mulher!
 Depois de haver gritado, ele voltou ao trapiche, tomou mais umas cervejas, e, por volta de 22h30, voltou pra casa! Quando chegou, a morena estava tranqüila, deitada na rede e assistindo Big Brother. Perguntou bem casualmente o que houve para ele estar de volta e ele disse que perdeu o horário no trapiche com os amigos. “E tu?”, perguntou. “Fiquei vendo TV. O que mais tem pra fazer?”, disse ela, displicente. 
 “Pois é, doutor. E nessa noite ela não negou fogo!”.
 Mandei que fizessem o pregão da próxima audiência e descobri que a autora era mãe de um filho que o “Dom Juan” tinha feito depois do caso com a morena! 

Por Luís Augusto Menna Barreto

segunda-feira, 30 de maio de 2016

dialogues - "... lost!" - diálogos - "... perdida"

diálogo - ... perdida!
dialogues - "... lost!"
“E então…? Tu me encontraste por lá, ou descobriste o que eu olhava…?” Ela perguntou quando ele voltou do outro lado do rio.
"And then…? Did you find me there, or did you find out what I was looking at ...?" She asked as he came back across the river.
Não.” Ele respondeu, simplesmente
"No," he replied simply.
“E então…?”
"And then…?"
Então, eu continuo sozinho.”
"So I'm still alone."
E foi nesse momento que ela o surpreendeu como nunca antes:
And it was at this moment that she surprised him like never before:
“Não desistas de procurar-me… e quando me encontrares, leva-me pela mão, até mim mesma… porque eu não sei mais onde me procurar…”
"Do not give up looking for me ... and when you find me, take me by the hand, even myself ... because I do not know where else to look ..."
Foi que ele a abraçou… na esperança de encontra-la.
It was that he hugged her ... hoping to find her.


Por Luís Augusto Menna Barreto

domingo, 29 de maio de 2016

pensamentos perdidos - "... a força!"

Pensamentos Perdidos
Originalmente  publicado no antigo blog
"Menna Comentários", precursor deste.
Data da postagem original: 03.03.2016.
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A força imensa do que sinto,
Não é suficiente para derrotar o que inevitavelmente sou.
Coração e desejo avançam juntos em uma avalanche tamanha que me fere...
... e é contida nas finas correntes a que me propus amarrar. 
Não estou preso. Eu me fiz preso.
Solto a mente e vou aos píncaros da imaginação...
Sinto o mais belo raio de sol queimando a pele quando fecho os olhos...
... encontro o brilho de anjo dançando... vejo suor no anjo que reage como gente...
Abro os olhos e o melhor pedaço de mim mesmo me olha...
Minha mente vagueia e vôo longe demais... sem amarras no sonho...
... e me vejo, ao acordar, desesperado... e sigo as correntes no caminho de volta.
O sonho me abandona. Não se permite visitar-me, sem que eu tenha de gritar... 
... se não fecho os olhos, o sonho recusa-se a vir...
Descubro no final da corrente a inevitável realidade.
Mas sempre que chego lá, não há desespero. Ela me toma como um abraço bom.
Grito a Deus que sou apenas humano. Não O desafio. É um grito de quem se sente fraco.
... de quem quer devolver as moedas... devolver a cruz... grito de pecador, que quer perdão mesmo sabendo que ainda pecará...
Não busco a santidade e nem posso fazê-lo... estou destinado ao arrependimento, não à resignação.

A força imensa do que sinto,
Não é suficiente para derrotar o que inevitavelmente sou.
Estou destinado ao arrependimento, não à resignação.
Quero o amor de um anjo...
... e me sinto tão gente, que não sei falar com anjos.


Por Luís Augusto Menna Barreto

sábado, 28 de maio de 2016

poesia de ver - "... ver-se!"

poesia de ver

“Levanta… olha pra mim: porque choras?”
“Porque secamos. Perdemos o viço. E tu? porque estás sorrindo?”
“Porque secamos. Perdemos o viço…   … e ninguém nos jogou fora. Sinto-me bela!”

Imagem e texto por Luís Augusto Menna Barreto

sexta-feira, 27 de maio de 2016

crônica - Só Fiz Ponhar a Ficha

Só fiz “ponhar" a ficha

Originalmente  publicado no antigo blog
"Menna Comentários", precursor deste.
Data da postagem original: 09.02.2016.
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Desta vez, não foi comigo que aconteceu. (Ufa, ainda bem que nem todas as situações inusitadas são comigo!) 
 Esta quem contou foi um colega (Dr. Miguel), enquanto todos colocávamos os meiões antes de uma partida de futebol. Aliás, alguém pode imaginar como é difícil a arbitragem num jogo de futebol entre juízes? O pobre árbitro apita a falta e quase gagueja dizendo: 
“Desculpa, excelência, mas acho que foi falta… mas se o senhor entende que não foi, eu devo estar errado”. 
O problema é que quem sofreu a falta também é juiz… enfim… não é fácil. Claro que alguns de nós aproveita pra tirar uma onda e xingar o juiz de ladrão! Mas essas são outras histórias, e o que quero contar é o caso que o Miguel falou.
 Hoje o Miguel tá com a vida mansa, uma jurisdição tranqüila na capital. Mas já passou o perrengue dele no interior. E foi num desses interiores de caboclos não letrados (mas nem por isso pouco espertos) que teria acontecido.
 O caso era de pedido de alimentos. Um caboclo mal acabado, mas de bom papo, que sai espalhando muitos filhos por aí. Há quem o chame de “boto”, porque tem muitos filhos de boto nos Estados da Amazônia. 
 O que acontece normalmente nesses casos, quando o caboclo sequer tem um emprego (muitas vezes são pescadores semi-artesanais, ou vivem "no mato”, derrubando uma ou outra árvore, sem receber nem um décimo de salário mínimo por mês), é que eles tentam ficar com a criança, para não ter de pagar alimentos. O pouco que recebem é precioso demais para dar parte para um filho, já que tem festa todo o final de semana em algum trapiche do interior, e sempre se pode comprar uma garrafa de cachaça e uma coca-cola para misturar! Fora isso, existe o argumento previamente decorado por esses “botos”:
“Doutor, ela fica gastando o dinheiro com festa e deixa a criança sozinha em casa, passando fome!” Ah, tá bom… eles podem e elas não teriam direito, é…?!
 Com esse tipo de argumento, o caboclo tenta evitar o pagamento de alimentos e, quando não consegue um acordo do tipo “Doutor, eu me comprometo a ir dando conforme eu for conseguindo”, o que tenta é ficar com o filho pra não pagar nada. E a matemática é simples: o filho será entregue para a avó paterna e será mais um que ela vai criar, dando um jeito aqui e outro ali, mais um neto chamando a avó de mãe e a vida segue.
 Mas, segundo o Dr. Miguel, a história com esse foi diferente.
 Na sala de audiências, entre uma e outra audiência de alimentos, a sala toda preparada, Juiz, Promotor e Defensor Público, uma digitadora que também faz o pregão, entrou a mãe da criança com o bebê aparentando quase um ano, dormindo em seu colo com uma fraldinha de pano no rosto. Quase junto entra o caboclo. Diferente do que é comum, este não entrou com aquele ar desconfiado, quase assustado, olhando pra tudo e cabeça baixa. Entrou tranqüilo, passo firme e, achando que seria o certo, estendeu a mão para cumprimentar a todos, desistindo porque o promotor que já estava entediado com tantas audiências, disse apenas: 
 “Sente aí!"
 O meu amigo, Dr. Miguel leu o processo e viu que se tratava de um pedido de alimentos. Sem perder tempo, como é sua característica, foi logo dizendo ao caboclo:
 “Amigo, vamos resolver logo isso. Quanto tu podes pagar de pensão todo o mês? Porque alguma coisa vais ter que pagar, porque pai tu não negaste que és."
 O Caboclo, aparentando alguma timidez, mas evidentemente já com seu discurso previamente ensaiado na cabeça, retrucou:
 "Doutor, vamos fazer assim: eu fico com a criança e ela não precisa me dar nada."
 A mãe da criança quase pulou da cadeira, de raiva. O Defensor público tentou acalmá-la colocando a mão em seu ombro, mas ela disparou, exaltada:
 “E tu vais dar de mamar como pra ele, seu infeliz?!”
 O caboclo não pareceu alterar-se e continuou dirigindo-se ao juiz.
 "Doutor, o filho é meu! Tem que ficar comigo."
 "O filho é dela também, amigo!" - Disse-lhe Dr. Miguel. Foi aí que o caboclo usou sua “lógica” para convencer Dr. Miguel que ele deveria ficar com a criança:
 “Doutor, o senhor já foi no aeroporto, em Belém?"
 “Fui. O que tem isso…?” Perguntou-lhe Dr. Miguel, sem disfarçar a curiosidade.
 “Pois lá não tem umas máquinas de refrigerante?"
 “Sim, o que tem isso?"
 O caboclo continuou:
 “Doutor, se eu “ponhá" uma ficha, sair a latinha, a latinha não é minha? Não posso levar pra casa?”
 Não deu nem tempo do Dr. Miguel responder e o caboclo, com cara de quem vence um debate, falou:
 “Pois doutor, eu só fiz “ponhá" minha ficha nela, doutor. Saiu a criança a criança é minha.” - E cruzou os braços dando o assunto por encerrado.
 …
 Pois é… não me lembro qual foi a decisão! Acho que o Miguel nem falou… e o jogo de futebol já tava começando.

Por Luís Augusto Menna Barreto

quinta-feira, 26 de maio de 2016

pensamentos perdidos - Histórias Curtas - temporada 1 - capítulo 2 de 3

HISTÓRIAS CURTAS
Temporada 1; capítulo 2 de 3

Ele sabia de quem era a motoca vermelha… 
Sabia que ela estaria lá. Sabia que ela o receberia com aquele sorriso como se nada de estranho houvesse acontecido, aquele sorriso que faria parecer que a vida inteira esteve tudo bem… aquele sorriso que o desarmaria no momento em que visse e que não o deixaria perguntar absolutamente nada do que se passou.
Quando viu a motoca na frente de onde morava, ele parou alguns segundos, tentando pensar entre o coração que lhe disparava e impunha a ordem imediata de subir correndo e estender os braços, e sua alma que lhe mandava tentar sempre surpreendê-la com algo que seria só seu. Entre coração e alma, voltou, foi até a banca de flores e comprou a rosa.
Então algo estranho houve-lhe… 
Pensou nos meses de aparente paz que tivera. Sem notícias. 
Lembrou-se do quanto foram sofridos os primeiros dias. O primeiro mês.
Ponderou sobre sua calma…
Ponderou sobre a menina com quem andava conversando e que, se não lhe trazia a chama avassaladora que sentia quando pensava o quanto esperava ver a motoca vermelha em frente de sua casa, a menina trazia-lhe um agradável sorriso no coração…
Caminhava com a rosa na mão, e notou-se estranhamente diminuindo o passo, como que querendo dar mais tempo à própria dúvida…
Parou junto à motoca e seu coração batia tão forte que podia sentir as batidas sacudindo-o, podia, mesmo, ouvi-las.
Largou a rosa presa no banco da motoca… uma angústia nunca antes sentida, uma dúvida que jamais tivera, assolava-o…
Recuou uns passos…
Virou-se. Caminhou devagar e inseguro, afastando-se da motoca. 
Viu que da esquina, vindo também devagar em sua direção, a menina via-o… e ela imediatamente entendeu tudo… sobretudo a dúvida dele.
Ela caminhou na direção da menina, como quem procura ajuda…
Ela o abraçou. Entre tudo o que lhe poderia dizer disse apenas uma palavra. 
“Corre”.
Quebrou-se o abraço. E ele correu. E correndo, veio-lhe um sorriso… O mesmo que havia ficado na menina, que estava lá, parada… talvez sabendo que perdera, ela, seu amado… … mas com o sorriso de quem salvou o seu amor.

Por Luís Augusto Menna Barreto
PS: As Histórias Curtas estavam escritas há tempos. Nem sei quanto. Mas tanto quanto as postagens do “Conto de Ella”, que ao longo do tempo, fui fazendo modificações de acordo com as contribuições e comentários que tão gentilmente foram-se somando ao longo do conto, também nestas Histórias Curtas, eu me preparei para eventualmente fazer modificações. Pois já no primeiro capítulo, a grata amiga SANDRA CARRERO, de Brasília, Taguatinga, fez um comentário que me fez dar um rumo completamente diferente à história (o rumo da escrita, não dos destinos dos personagens, eis que estes, eles próprios seguem, sendo eu, mero refém da história que constroem).
Então é necessário o registro e meu mais sincero agradecimento a esta amiga (e chamo-a assim, mesmo sem jamais a termos estado frente a frente), que, poetiza, tem-me presenteado (e a todos que lêem o blog), com comentários francamente suaves e que, muitas vezes - como nesta em excelência - completam ou transformam o escrito.

Obrigado amiga, poetiza Sandra Carrero.

quarta-feira, 25 de maio de 2016

poesia de ver - "... esquecidos!"

Poesia de ver:

Originalmente  publicado no antigo blog
"Menna Comentários", precursor deste.
Data da postagem original: 25.02.2016.
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... tanta laje esquecida... amarela...

... tanta folha seca aos esquecidos...

... e tu depositas, com carinho, num vasinho enfeitado, pedaços de gentileza...


Imagem e texto por Luis Augusto Menna Barreto

terça-feira, 24 de maio de 2016

crônica - Eu, o Pilha e os 35 Pilas

Crônica - Eu, o Pilha e os 35 Pilas



(Essa é a quinta aventura do Pilha.
As quatro primeiras serão republicadas aqui, em breve)


Logo que fiquei mais ou menos bom, me mandaram embora do hospital. O Pilha falou que eu havia sido atropelado e voei por cima do carro. Não me lembro direito… mas eu me imaginei com uma capa bonita, igual o Super-homem, vendo o mundo ali de cima.
“Super-mané, que não enxerga um carro grandão!”, disse o Pilha.
A mãe não foi me buscar. Quando me tiraram da cama e me botaram sentado com a perna enfaixada, numa sala cheia de gente, mandaram eu esperar que um adulto tinha que vir me buscar. Mas de adulto que me conhece, só tem a mãe, e acho que ela nem sabia que eu fui atropelado. Ainda bem que minha perna ainda tava machucada e enfaixada, senão ela nem ia acreditar e eu ia apanhar por não ter voltado pra casa.
Daí eu tava ali sentado e vi o Pilha, da porta:
“Pssssssiu… psssssssssiiiiu”… e fazia com a mão e mexia a boca falando sem som: “vem, vem”…
Mas a moça disse que eu tinha que esperar ali. Daí o Pilha entrou, meio desconfiado, porque acho que enquanto eu passei esses dias no hospital, ele foi expulso mil vezes!
Mas entrou e sentou do meu lado.
“Vamos embora, mané!”. 
“A moça disse que tenho que esperar um adulto”.
“Ficou sequelado batendo a cabeça? Vão chamar o juizado! Tua mãe não vem te buscar. Bora…”
Meu coração começou a bater forte. Será? Juizado?
Tentei levantar e ir com o Pilha, mas não consegui caminhar. 
“Peraí, vou dar um jeito”. O Pilha sempre resolve tudo. É a pessoa mais inteligente que eu conheço.
“Não sai daí”.
“E vou sair como? Ficou doido?”… tá bom, nem sempre ele é tão inteligente!
Mas ele voltou ligeirinho com uma cadeira de rodas! Nem sei onde ele conseguiu.
Subi na cadeira e fomos saindo…
Quando a gente já tava quase no meio do quarteirão (que a gente chama de “quadra”), um cara de branco gritou alguma coisa e veio pro nosso lado. O Pilha começou a correr comigo na cadeira. Daí o cara gritou alguma coisa pra dentro do hospital e veio mais um. O Pilha começou a correr mais e deu no que deu: caímos, né?! Na mesma hora, já pensei que a gente ia ser pego, apanhar e por minha culpa, o Pilha ia parar no juizado comigo. 
Ah… mas o Pilha sempre pensa em alguma coisa: jogou a cadeira pro meio da rua quando vinha um carro! Foi o maior barulho! e confusão! Daí, ele se inclinou e gritou: vem na minha cacunda! E assim a gente escapou do hospital.
Mas tinha o maior problema de todos: a minha mãe.
Eu tinha certeza que ela não ia acreditar e ia pensar que eu machuquei a perna caindo da árvore no parquinho, em vez de estar trabalhando. Já fazia cinco dias que eu não dava o dinheiro pra mãe. Ela devia estar furiosa!
Sempre levava oito pilas. O Pilha me ajudou a fazer a conta. Dava quase trinta e cinco!
Eu contei pro Pilha que tava com medo. Mas ele disse o que sempre me dizia: 
“Deixa comigo. Vou lá contigo.”
Mesmo assim, fiquei com medo.
Quando chegamos lá no nosso muro, onde a mãe fica, ela já começou xingar de longe, quando me viu.
O Pilha logo falou:
“Eu que levei ele pra um trampo melhor. A gente enfaixou ele pra ganhar mais, que rico sempre tem pena de criança enfaixada”! O Pilha chamava de “rico" quem andava de carro.
A mãe olhou desconfiada. 
“Toma”. O Pilha botou a mão no bolso e puxou um dinheiro num saquinho plástico de sacolé. Deu pra ela.
Ela contou. Tinha 29 pilas.
“Tá faltando” ela logo gritou.
“Tá nada. Faz a conta”, o Pilha falou com autoridade. “Óh, cinco dias a oito pilas: conta comigo, 8, 14, 19, 24, 28! Tem até um pila a mais!”
Os dois ficaram em silêncio um pouco e ela olhando as moedas.
“Tá, mas bora voltar que hoje ainda tá cedo. Vai daqui, moleque, vai logo pra sinaleira”!
Ufa… saí tão aliviado. Não existe amigo como o Pilha. Vou ser amigo dele até morrer. Trabalhou por mim quando eu tava doente.
“Oh, ta me devendo, mané! Não sou teu pai.” Ele me falou.
“Ninguém é.” Eu respondi. 
Rimos.
“Mas Pilha! Tu não falou que cinco dias a oito pilas dava 35?”
“E tua mãe lá sabe fazer contas? Bora, vamos no parquinho!”


Por Luís Augusto Menna Barreto

segunda-feira, 23 de maio de 2016

diálogo - "... ao teu lado."

Diálogo: 
Originalmente  publicado no antigo blog
"Menna Comentários", precursor deste.
Data da postagem original: 24.02.2016.
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"- Mas que droga! - ela gritava pra ele, odiando aquela segurança tão irresponsável que ele aparentava - Como tu podes saber se vai ser feliz ao meu lado??

- Tu não entendeste até hoje, não é? - era uma pergunta retórica. E feita com uma calma que a desarmava e a desesperava de raiva ao mesmo tempo! ... e ele disse:  - eu NÃO sei se vou ser feliz ao teu lado...

Ela não entendeu direito... Será que finalmente pela primeira vez ele tinha alguma dúvida...? Será que ele estava amadurecendo? 

Ele continuou:

- ... mas eu sei que se não for ao teu lado, eu não vou ser feliz."


(Outro conto que estou escrevendo… Provisoriamente tem o título de “Entrelinhas”, porque a intenção é fazer o leitor descobrir as verdades nas entrelinhas… podem ser as verdades dos personagens… ou as suas próprias…)
Por Luís Augusto Menna Barreto

domingo, 22 de maio de 2016

pensamentos perdidos - Histórias Curtas - temporada 1 - capítulo 1 de 3

   HISTÓRIAS CURTAS
Temporada 1; capítulo 1 de 3
Contaram anos mais tarde, que mesmo em meio às “raivas” dela, mesmo com as manias dele, eles se deram bem... daquele jeito estranho...
Ela jamais deixou de sair ou de fazer algo por causa dele...
Nunca falavam sobre com quem ela ficava ou deixava de ficar, mesmo que ele sempre soubesse e até tivesse um ciúme nunca dito, especialmente quando ele conhecia o sujeito...
Ela teve ciúme uma ou duas vezes... quando achou que ele iria deixar de amá-la, quando achou que perderia a proteção que sentia com a atenção dele atendendo a simplesmente tudo que ela queria...
Não se deixava querê-lo, mas não queria perdê-lo.
Contam que assim seguiram: ele a aceitando sempre que ela queria, sem fazer nenhuma pergunta, sem cobrar-lhe nada...
Aceitava, simplesmente, as migalhas e restos de amor que ela lhe dava ou que sobravam para ele, em festas inacabadas, ou noites que não davam certo...
Quando ela queria cuidado e atenção. 
Ele a aceitava sempre...
Contam, que muitos anos depois, um dia ele chegou em casa e viu uma motoca vermelha...
Lembrou um passado e um sonho distante.
Contam que não teve coragem de entrar...
Que pegou uma rosa, colocou na motoca, sorriu e sumiu na noite...
Não se sabe se ela (Ella?) estava ou não a espera dele...
Ele não foi mais visto.
Ela nunca falou se estava esperando por ele.
Dizem que o viram caminhando com um imenso sorriso quando foi visto pela última vez...
Quanto a ela, nunca a ouviram perguntar dele...
... uns dizem que foi amor...
Outros, que só ele amou.
Ela jamais contou para ninguém. 
Ela era ela (Ella…?) simplesmente 

… ele…: Ela nunca disse quem era!
Por Luís Augusto Menna Barreto

sábado, 21 de maio de 2016

poesia de ver - "...desacostumada"

Poesia de ver…

Originalmente  publicado no antigo blog
"Menna Comentários", precursor deste.
Data da postagem original: 23.02.2016.
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Essa flor está no mundo urbano... na zona central de Belém, Pará... Avenida Nazaré.
Resiste à fuligem;
resiste ao concreto;
resiste até a nós... ... tão desacostumados às gratuitas gentilezas.


Imagem e texto por Luís Augusto Menna Barreto

sexta-feira, 20 de maio de 2016

crônica - Maria Sem Sossego, Mariposa e: justiiiiiiiça

Maria Sem Sossego, Mariposa e: justiiiiiiça

“Justiiiiiiiiiiiça…" Assim, com um “i" bem longo! “Justiiiiiiiiça…”
Era minha segunda semana na cidade, estava recém descobrindo, ainda, como as coisas funcionavam por lá. 
“Justiiiiiiiiiça…”
A senhora que ficava gritando no meio da rua, na frente do fórum, não atraía muito a atenção, o que achei estranho. Chamei o servidor que estava escorado na porta do fórum, que depois fiquei sabendo que era chamado por “Goela".
“Tchê, sabes o que está acontecendo?”
“Que eu saiba, nada, doutor!”, ele me respondeu distraído.
“Como nada?! E essa senhora gritando aí na frente?”
“Ah, a Maria Sem Sossego? Nada não doutor, quando cansar os braços ela para”!
“Hein?”
“O cartaz que ela segura, doutor. Ela vem toda a terça, segura o cartaz e fica gritando. Quando cansa os braços ela pára, o Alerta pega ela e vai embora”.
Vamos por partes. Demorei a entender. De fato, ela gritava segurando, acima da cabeça um cartaz com um nome escrito. Ela segurava com os braços esticados. Conferi no calendário do celular: era terça-feira. E descobri que “Alerta" era o companheiro dela, que, enquanto ela gritava, ele ficava no açougue do Retalho tentando filar um copo de cerveja de alguém que estivesse bebendo uma por ali, como o Manobra, motorista da ambulância, que eu só vim a conhecer meses depois…!
“Mas tem que saber o que ela quer, por que está gritando isso.”, falei.
“Ah, Doutor. Esquente não. Nem ela sabe”.
“Mas ela deve ter algum processo pra estar aqui na frente gritando."
“Ah, ela já teve um em que foi despejada”.
O Goela contou-me a história (enquanto ela continuava ali gritando). 
Disse o Goela que ela havia perdido uma disputa judicial por uma pequena casa na cidade. E quem ganhou, era uma pessoa que, para os padrões locais, era pessoa abastada, pois possuía três casas e tinha um pequeno comércio, um “armarinho”. Já a Maria Sem Sossego, em companhia do Alerta, ficou sem ter onde morar.
“Desde aí, doutor”, continuou o Goela, “que ela vem toda a terça pra frente do fórum."
Enquanto o Goela contou-me a história, vi por duas vezes ela dar uma balançada no braço. Logo que o Goela terminou, ela baixou os braços e ficou gritando com o olhar perdido na direção do fórum: “Aleeeeeeeeerta” (ela adorava esticar as vogais no grito) “onde tu te metesse, imundíce” (assim como escrevi: “metesse” e “imundíce”).
E logo o Alerta veio correndo até ela, enrolou o cartaz, pegou-a pelo cotovelo, e a conduziu pela rua, indo embora dali. O Alerta parecia uma bengala, porque era miudinho e ela, alta e bem… espaçosa!
Fiquei curioso sobre o caso e fui dar um olhada no processo. Tudo certinho. Pelo que havia registrado, ela morou cerca de quatro anos na casa, sem jamais pagar um centavo. Daí, chegou um dia que o dono resolveu pedir de volta. O dono pediu a casa, e ela não quis sair. Ele entrou na justiça e, depois de um ano e pouco, ela foi “despejada”. 
Passou uma semana e eu nem lembrava mais da Sem Sossego. Estava eu, tranqüilo em uma audiência:
“Sim, Talento, o que tu queres, afinal?” Era um daqueles divórcios que encrenca na separação de bens, e nada serve para o homem, tudo ele acha que é só dele!
“Ah, doutor eu quero o que é meu!” 
Ai meu Deus… como se eu soubesse o que é de um e o que é do outro afinal! 
“Então me digas tu, Querida. O que tu queres?”. Não, não era um adjetivo que eu estava usando. “Querida" era o apelido da Marcela Augusta.
“Ah, doutor, ele sabe.”
Sabe aquela expressão, que a gente usa? Não falei, mas pensei: “Dai-me paciência, Senhor, porque se me der coragem eu mato um desses dois”!
“Olha, pessoal. Se nenhum dos dois falar, a gente nunca vai chegar a um acordo. Afinal, o que vocês querem?”
“Justiiiiiiiiiiiiça”.
“Hein?”
“Justiiiiiiiiiiiça”.
Pois é. A Maria Sem Sossego tava de novo no meio da rua, na frente do fórum, segurando o cartaz acima da cabeça e…
“Justiiiiiiiiiiiça”.
É, e gritando “justiça”!
Era terça-feira de novo!
E de novo, ninguém tava nem aí. Já se havia tornado algo que fazia parte da rotina da cidade. Terças-feiras, a Maria Sem Sossego iria para a frente do fórum gritar justiça. E o fato de estar no meio da rua não fazia a menor diferença, porque na cidade não havia nenhum carro. Havia o caminhão do lixo e uma ambulância que andava apenas os duzentos metros que separam o trapiche municipal do hospital… isso quando não era mais rápido levar o doente de maca para o navio, porque até que o Manobra largasse a cerveja no açougue do Retalho e viesse fazer a ambulância pegar, podia o navio já ter zarpado de novo! Fora o caminhão do lixo e a ambulancia, meia dizia de “mototaxi”. 
Enfim, lá estava ela, no meio da rua, com um cartaz na mão que até me pareceu diferente, com outro nome, que não prestei atenção: “justiiiiiiiiiça…!”
Eu confesso que me incomodei com aquilo e fui lá falar com ela:
"Fale, D. Maria. Eu sou o Juiz. Vamos conversar. Acompanhe-me até o…”
“Justiiiiiiiiiiiiiça…!” 
No “tiiiiiiii" do “justiça”, eu que acho que senti uns pingos de saliva, o que já começou a retirar meu ânimo de resolver…
“Olha, D. Maria… a senhora não pode ficar gritando aqui na fren…”
“Justiiiiiiiiiiiiça…!”
Ai ai ai…
“D. Maria, olhe, vou ver se ainda há alguma coisa pra fazer, mas a senhora tem que me prometer que…”
“Justiiiiiiiça…!”
Em seguida ela baixou os braços e gritou ainda mais alto:
“Aleeeeeeeeerta, imundice! Onde tu te metesse?”
E do nada surge o Alerta, limpando a boca na manga do ombro e já agarrando a Sem Sossego pelo braço. Ela saiu como se eu nem estivesse ali.
Pense na minha irritação! Olhei em volta, e, pela primeira vez, tinha um bocado de gente olhando. Claro. A novidade não era a Maria Sem Sossego gritando. Era ela me fazendo de bobo! Quer melhor para uma manhã na cidadezinha no Marajó, do que o juiz no meio da rua, tentando falar com a Maria Sem Sossego?!
Mas sem sossego fiquei eu com a história daquela mulher.
E nisso revisei todo o processo novamente, mas achei que estava tudo bem certinho. 
Na terça-feira seguinte quando o “justiiiiiiiiiça…” começou, eu me irritei, chamei o Goela e pedi para ele chamar o dono da casa que despejou a Sem Sossego. Meia hora depois, o Goela bateu na porta do gabinete:
“Doutor, o Mariposa tá aqui.” (A história do apelido do Mariposa, eu conto outro dia). E sem eu ter tempo de falar nada, o Goela já fez ele entrar.
Era um sujeito baixinho e gordo, mas com um rosto simpático. Um bigode antigo para compensar a calvície. Falei do problema da Maria Sem Sossego meio que com pouca esperança, mas ele me surpreendeu:
“Ah, doutor. Mas ela já voltou!”
“Hein?”
“Doutor, a casa ia cair na cabeça dela e ainda iam me culpar. Eu queria arrumar a casa, fazer uma reforminha. Mas ela não deixava por nada, doutor. Foi o único jeito. Faz mais de ano que aprontei a casa e ela voltou.”
Vontade de esgoelar o Goela!
“Bem, doutor...", me disse o Goela, escorado na porta da cozinha do fórum "... o senhor me perguntou se ela tinha algum processo aqui. Eu falei do único processo que ela tinha”.
“Sim, caramba, mas tu não me falaste que ela já tinha voltado pra mesma casa”.
“Ah, doutor, o senhor não perguntou”.
“E tu sabe por que ela fica gritando desse jeito, então?”
“Peraí, doutor” e o Goela saiu sem dar tempo de eu falar nada. Voltou em menos de um minuto e falou: 
“Por causa do processo da Verinha Perna Oca, doutor. Parece que é uma execução de alimentos.”.
“Mas a Maria Sem Sossego falou contigo?”
“Não doutor. Ta escrito no cartaz!”
“Hein?"
“No cartaz, doutor. Ela escreve o nome de quem paga ela”.
A história da Maria Sem Sossego é a seguinte. Como não tem advogado na cidade, quem tem uma causa lá, dá um trocado para a Sem Sossego, e toda a terça-feira ela escreve o nome da pessoa no cartaz e vem gritar “justiiiiiiiiça" pro juiz despachar. O pessoal fala que funciona melhor que com advogado e é mais barato!
Ah… e a Maria Sem Sossego, enxerga bem pouquinho e é surda!

Por Luís Augusto Menna Barreto