Kadu e a corridinha do Círio
(De novo, esta história foi escrita para crianças. Inspirei-me em um fato real - que não está descrito literalmente! Vali-me de licenças literárias. Meu pequeno João, novamente, narrou-me o episódio. Ficou assim:)
Todo ano tem, na escola, a “Corridinha do Círio”.
Na época do Círio de Nossa Senhora de Nazaré, aqui em Belém, a escola faz uns jogos e, para as turmas dos menores, tem a Corridinha do Círio. Em volta do campo de futebol da escola, os professores fazem uma pista de corrida e a gente tem que sair correndo por um lado do campo, passar por trás das traves do gol e voltar pelo outro lado. Todas as turmas até a 4ª serie concorrem e há um campeão por turma. O segundo e terceiro lugares também ganham medalhas.
Eu sempre corri. Sempre tive o sonho de ver as pessoas aplaudindo quando eu ganhasse. Ou ao menos chegasse até o terceiro lugar. Todo ano eu tentava, mas nunca conseguia. Eu até que sou bem rápido. Mas acho que canso ligeiro, e daí, nunca chego entre os primeiros. Saio na frente, mas antes da metade, muitos já me deixam pra trás.
Eu queria muito que me aplaudissem uma vez, mas como nunca consegui, esse ano, que é o último pra nossa turma, decidi que não ia participar.
Falei para a mamãe que eu não queria e ela disse que entendeu. Eu acho que ela ficou um pouco triste… mas também acho que ela ficaria mais triste de ver que não consigo ganhar e que ninguém iria aplaudir minha chegada lá com os últimos.
O Kadu também não participa. Acho que é por causa do jeito dele, sempre quieto, com aquele jeitinho de que não está olhando pra ninguém, sempre se mexendo como quem dança uma música que só tem na cabeça dele. A mãe dele já nos explicou que ele não participa de muitas atividades porque é artista e sempre pede pra gente ter paciência com ele, que artista é assim mesmo (mas ela fala errado, ela fala “autista”). Daí, quando o pessoal sai correndo ele fica agitado, querendo sair de perto. Quase se esconde atrás da mãe dele.
Quando chegou a vez da nossa turma, eu fui lá pra perto do Kadu, um pouco pra trás da linha de largada, porque a gente não ia participar, mas tinha que entrar com a turma. Então, todos os outros foram para a linha de largada e eu e o Kadu ficamos pra trás. Eu confesso que, na hora, bateu uma dúvida se eu queria ou não participar. Acho que correr eu queria… o que não queria era chegar lá atrás quando ninguém mais tava nem prestando atenção.
Fiquei olhando os coleguinhas todos prontos e com aquela gana de vencer. Eu nem notei, mas alguém disse que o Kadu ficou olhando pra mim, com a cabecinha torta, com aquele jeito de artista dele… como se ele tivesse preocupado comigo.
De repente, o estouro do tiro de partida! Foi uma gritaria imensa. Eu me imaginei ali no meio, mas não fui. Com o estouro do tiro, o Kadu se assustou e deu um passo pra trás. Daí, eu confesso que não sei direito como aconteceu, mas, de repente, eu já tava correndo segurando a mãozinha do Kadu. Começamos a correr de mãos dadas pela pista de corrida! O pessoal já ia dobrando na primeira curva e a gente não tava nem na metade ainda. Só que aconteceu uma coisa incrível: de repente, todo mundo começou a aplaudir nossa corrida! E eu vi que parecia mais forte do que os aplausos de quando chegava o primeiro colocado. E foi assim durante todo o percurso! Acho que a gente quebrou o recorde ao contrário: de mais tempo para completar a prova! Mas corremos todo o tempo de mãos dadas. Quando íamos cruzar a linha de chegada, o Kadu levantou minha mão e chegamos assim, de mãozinhas levantadas.
Foi a coisa mais linda: todo mundo aplaudiu e o Kadu me abraçou e começou a pular abraçado comigo. E todos os coleguinhas que correram vieram se abraçar com a gente e foi a maior bagunça! E deram medalhas para todos da nossa turma!
Naquela noite, eu dormi abraçado com minha medalha!
Mas lá na hora, depois que ganhamos a medalha, a mãe do Kadu veio sorrindo, mas quase chorando (eu não entendi direito: se ela parecia feliz, como podia estar chorando?) e me deu um abraço bem apertado e agradeceu por eu ter corrido com ele!
Acho que a mãe do Kadu tem algum problema! Ela chora quando está feliz, fala “autista" no lugar de artista e não vê as coisas direito: foi o Kadu que pegou minha mão e saiu correndo! Não fui eu quem levou ele. Foi ele que me levou!
Por Luís Augusto Menna Barreto
Eu nem li ainda, Méri, mas faço questão de te saudar.
ResponderExcluirSeja bem-vindo, meu amigo, você é muito esperado.
Um grande e carinhoso abraço!
Como é bom estar aqui....!
ExcluirLindo!!!
ResponderExcluirPerfeito para o Dia das Crianças!!!
Parabéns meu poeta lindo!
Um dia perfeito pra postar...!
ExcluirMeu poeta querido!!!!!
ResponderExcluirQue belo retorno!! Como é bom o olhar de criança...
Pra sempre tão lindo...!!!
O olhar de criança é desde sempre lindo....!
ExcluirQue coisa linda poeta, essa atitude solidária do pequeno João, que desde já, mostra ter um coração enorme. E tudo aconteceu melhor do que ele sempre sonhou, os aplausos, a medalha, bonitinho demais. Sua volta me traz grande alegria poeta, seja bem vindo de volta. Boa noite.
ResponderExcluirQue saudades....! Olá, minha amiga!!!!! Como é bom esse teu carinho...!
ExcluirSinto uma alegria imensa com a tua volta, e com essa história tão linda. Teu retorno é motivo de festa pra todos nós do blog poeta. Bom dia a todos vocês amigos. Abraço carinhoso a todos!
ExcluirQue lindo... diz pro João que a tia Paulinha trabalha onde tem.muitos "artistas" e se ele.quiser conhecer qdo vier ao SUL é só me avisar. Bjsssss
ResponderExcluirVou falar pra ele, tia Paulinha! Um abração pra todos os teus artistas!!!!!
ExcluirAgora eu li. Morro de emoção. Não tenho condição de comentar assim.
ResponderExcluirTu contínuas sendo o meu grande cronista!
Obrigada!
Que amor esse texto!!! O João está cada dia mais fofo... Beijao
ExcluirE tu continuas sendo muito mais gentil e carinhosa que mereço...!!!
ExcluirEmilly!!! Que legal tu por aqui!!!!!
ExcluirBem vinda!!!!!
Que lindo!! Fiquei emocionada com este conto!! As crianças como sempre, nos surpreendem!!! Lindo demais!!!
ResponderExcluirCamila, super obrigado....!!!!!!
ExcluirAh, ... e como eles nos ensinam!!!!!
Mais uma vez...a MÃE nos trouxe o Poeta!!!
ResponderExcluirDesta vez...a MÃE de todos nós!!!
Pois voltou no dia da sua grande FESTA!!
Que bom!!! Seu retorno alegra muito a todas nós!!!
E já chegou...chegando... com esta crônica linda...emocionante...
...o pequeno João realizando seu sonho da forma mais inesperada!!! Muito linda!!!
Pra ver como os "artistas" tem realmente o dom de surpreender-nos...!
ExcluirDia 9, foi o dia do Círio de Nazaré, Padroeira da Amazônia. Ontem, a Padroeira do Brasil.
Que dia bom para ter voltado...!
Este é o verdadeiro espírito da solidariedade.
ResponderExcluirSabe, cronista, bem que de quando em vez nós nos sentimos "artistas". Se nesses momentos encontrássemos um Joãozinho para correr conosco, seria tão bom...!!!
Esta tua crônica é de uma singeleza tão acurada que chega doer.
Essa singeleza, escritora, vem desses pequenos e maravilhosos ARTISTAS... é tão bom tê-los a ensinar-nos como a vida é bonita...!
ExcluirPoeta, você viu o quanto nós movimentamos o teu blog na tua ausência!!!?? Contamos histórias, contamos causos...tudo isto...liderados por nossa grande ARTISTA...Ana Macedo. Aquela muito CHIC...que ganhou uma caneta de ouro por sua ÓTIMA atuação. Cada uma tirou suas laranjas do bolso, como o nosso amigo Palhaço nos ensinou e tentamos não deixá-las caírem...
ResponderExcluirEu estou profundamente emocionado com o tanto de carinho e em como todos fizeram o blog ficar tão maravilhosamente vivo na minha ausência... tenho pensado muito se devo ir lá e responder, ou deixar assim, simplesmente: com a vida que vocês puseram ali!!!
ExcluirSerá de uma riqueza enorme ter sua resposta/opinião sobre cada história contada, mas já deve ter visto que é muuuuita coisa poeta, vai precisar de tempo e paciência pra ler e responder todos. Até Yuri Sedrick apareceu por aqui, embora tenha sumido de novo. Vai na fé que vc consegue amigo.
ExcluirVou tentar responder no final de semana..!!!!!
ExcluirAh...eu particularmente,ficaria muito feliz se você respondesse!!!
ResponderExcluirEntão vou ver se em um momento de bastante calma, consigo responder...!!!
ExcluirQuanta alegria por teres voltado...e já me fazes chorar emocionada com essa tão linda crônica, a inocência e o sonho do corredor em busca do aplauso e o "artista" que sem perceber realiza esse sonho...o "artista levou o corredor e não o contrário como todos pensaram...emocionante demais esse final...Parabéns poeta e felicidades ao João....
ResponderExcluirEmocionado fiquei eu com teu comentário, Tel...!!!! Mil obrigados...!!!!
ExcluirEstou igualzinha à mãe do Kadu, com choro que não dá pra entender. rs Como pode tomar da gente o fôlego assim? Tal pai, tal filho!!!É sensibilidade demais! Super abraço para os meninos Lico e Joãozinho. Um lindeza de crônica.
ResponderExcluirMeu pequeno João tem-me surpreendido por uma acurada sensibilidade para crianças menores e outras tão especiais...!
ExcluirVejo-o todo emoção, à flor da pele...
... não sei se será bom para a vidinha dele... mas ele é assim! E haverá de contar comigo pra sempre! Ele é meu melhor amigão pra sempre...!!
Uau!
ResponderExcluirSem palavras... só a emoção...
Que belo retorno!!
Super obrigado, guria...!!!!!
ExcluirOlá pessoal! Diante de uma leitura como esta, acho que o fôlego pára por alguns instantes. Que linda atitude, que linnndo João! 👏👏👏👏👏. A forma tão pura e sensível de ver as coisas. Dá pra perceber o tamanho do coração. Tem muito a ensinar desde a tenra idade. Que Deus o ilumine sempre. Parabéns!!!
ResponderExcluirSe a gente pára só um pouquinho... como aprendemos com esses pequeninos...!
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