CONTO DELLA
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Decisões - parte 4
— Meu Deus! Essa camisa além de horrível, é enorme!
Ele atravessara o campus inteiro da universidade para ir até onde sabia que ela estaria: sentada em uma pequena elevação na grama, à sombra de um arbusto, com caderno na mão, fingindo estudar. Estava observando! Simplesmente observando. A universidade era um imenso laboratório para observações. Estudantes de todas as classes, de todos os estilos.
Havia os que cultuavam o estilo hippie, com roupas folgadas e floridas. Outros eram esportivos, e usavam um tênis confortável, calça jeans e uma camisa qualquer. Os nerds que naquela época eram chamados de “CDF’s”, e que aparentemente não se importavam com o que vestiam. Os que trabalhavam antes ou depois das aulas e vestiam-se já pensando no trabalho. Enfim, todo o tipo. … e ele! Que aparecera com uma camisa de um time americano de hóquei no gelo, que era grande demais.
— Tem que ser grande! — Ele respondeu. — É de hóquei! Você já viu um jogo de hóquei? Os uniformes são enormes! — Envolveu-a, deu-lhe um beijo, e sentou-se ao lado dela. — O que temos hoje?
— Olhe aquele grupo hippie. — E ela moveu o queixo discretamente na direção de um grupo de quatro meninas vestidas com roupas coloridas, que conversavam de maneira descontraída.
— Hippies, o que tem?
— Aquela da esquerda. É rebelde, não é hippie. Enquanto todas vestem sandálias de couro compradas na feira livre da praça, ela usa uma sandália que custa mais que a roupa inteira de qualquer uma das amigas. Está vendo aquele pequeno brilho no lado da sandália? É um metal dourado característico de uma marca badalada de uma grife gaúcha que está ganhando o país. Não é hippie. Faz isso por rebeldia, mas não fica sem o cartão de crédito dos pais. Olhe: as outras usam pulseiras de couro e crochê; ela usa um relógio Michael Kors. — Depois apontou para outro lado: — Vê a menina de azul? Está se esforçando para inserir-se em um meio social além do seu.
— Como você pode saber?
— Olhe o sapato. Elegante. Fino. Mas olha como há poeira no salto. Sugere que ela mora mais na periferia, onde não há calçamento, onde o ônibus faz poeira ao parar…
Fora interrompida por um beijo. Ele adorava fazer isso. Ele simplesmente adorava vê-la falar, o movimento da boca, dos lábios… estava apaixonado. Achava-a perfeita.
Ela primeiro deixava-se beijar. Depois, fingia que relutava, empurrando-o com os punhos em seu peito.
— E troque essa camisa se você quiser me beijar de novo! — Disse com uma falsa raiva!
— Não preciso trocar! Você disse que sou seu "amor pra sempre".
— Você, sim. Essa camisa horrorosa, não!
…
Ela estava lembrando disso, enquanto olhava o Renoir, esperando-o. Ela gostava de ver a dedicação que o pintor francês emprestava aos detalhes das roupas em suas obras. Ele chegou no horário. Ela já estava lá.
Ela quase sorriu a vê-lo em um look arriscado. Homens em sapatos claros são sempre um convite para gafes. Mas ele chegou usando um Sérgio Rossi italiano, estilo casual, em um tom creme, quase cru, e optou por uma calça azul marinho, destacando o contraste. Vestia uma camisa com xadrez muito pequeno, em um tom mais claro que a calça e, por cima, um blazer no mesmo tom do sapato. No bolso da lapela, um lenço azul, do tom da calça, colocado de forma casual.
A assistente dela havia enviado, pela manhã, o recado para que ele a encontrasse, naquele mesmo dia. O encontro fora marcado propositadamente no meio da tarde, em horário de expediente. Também de forma proposital fora naquela galeria com a exposição de Renoir. Havia uma cafeteria de ambiente agradável, e tudo ali, sugeria um tom casual. Seria um erro paletó e gravata, que haveria de sugerir, então, que o local fora decidido por conveniência e não para apreciar a arte, ou sugeriria que a conversa deveria ser breve, porque estaria com outras ocupações. Ele também não foi traído por isso, e, embora antes estivesse cumprindo seus compromissos da maneira mais formal a ser exigida, surpreendeu-a ao haver optado por tal vestimenta.
Desta vez, ele beijou sua mão em frente à tela “Rosa e Azul”, e dirigiram-se ao café.
— Fale-me da mulher que você precisa impressionar.
… e ele sorriu com o canto da boca.
(continua…)
Por Luís Augusto Menna Barreto
Ai, aí!!! E eu sigo na expectativa!! Parabéns Poeta!
ResponderExcluirRealmente, obrigado, Maria!
ExcluirAcho que a partir de agora as coisas começarão a ficar mais claras: perguntas diretas. Respostas necessárias!
Vou publicar a parte 5 segunda ou terça!!!!
Humm... gostei da grife gaúcha!
ResponderExcluirNa verdade... após cada episódio a curiosidade só aumenta. Mas, muita calma nessa hora...
E bora aguardar o desenrolar...
Muita calma... haverá respostas... sobretudo agora que começaram perguntas diretas.
ExcluirQuanto à "grife Gaúcha", de fato existe... e ao tempo deles na universidade, de fato ela estava começando e ainda não era a grife, inclusive internacional, de calçados que é hoje!
Publicarei a parte 5 na segunda ou terça...!!!
E super obrigado por comentar!!
Por nada...! É com muito prazer que participo aqui... você sabe, Poeta!!!
ResponderExcluirFiquei feliz em saber algo mais sobre a "grife"...!
O centro de interesses de cada um é, de fato, o centro de interesses de CADA UM. Por isso, tão diversos. Alguns tão desprovidos de interesses, quando, para outros, é o foco máximo das atenções. Assim é a vida.
ResponderExcluirPara mim, por exemplo, elegância nada tem a ver com grife. Bom gosto nem sempre está associado a marcas.
Mas... isso é para mim. Para outras pessoas tudo o que eu disse pode ser o inverso.
Continue com sua personagem,escritor! Quem sabe se em algum momento não nos encontraremos!?
Um abraço sempre cheio de muito querer-bem!
Ah, escritora....! Eu tão bem, sei!!!
ExcluirEm qual tribo estavas na Universidade quando uma menina observava...?!
Acho que estavas na tribo dos politizados, que disputavam espaços nos diretórios acadêmicos....!!!!
Mas a elegância, de fato, não tem a ver com marcas e grifes!
O que acontece é um movimento inverso na verdade: as grifes alcançam sucesso justamente por serem elegantes....! Só as que conseguem manter padrão de elegância e qualidade, mas, sobretudo, manter um estilo próprio, sobrevivem no mundo francamente feroz da moda e etiqueta!
Se fores notar, poucas marcas foram citadas... muito mais, a postura dos personagens é que foram observados! Mas marcas, apenas duas ou três foram citadas!!!
Comportamentos, entretanto, foram muito mais trabalhados!!!!
Um baaaaaaaaita abraço!!!
Certo, escritor!
ExcluirDiscordo cabalmente quanto a RAZÃO do sucesso das grifes. Mas este é um achar meu. O teu é outro, eu sei. Direito teu. Direito meu.
A vida é assim, cheia de diversidades.
Um abraço, sempre.
E viva a diversidade....!!!!!!
ExcluirMe vi na universadade federal: um vestido de hippie e outro social,etc. Dá impressão que tô dentro disso. Muito bom, principalmente esse comentário da camisa enorme e horrível.kkkk.Parabéns Dr. quanto tempo não aparecia para ler aqui.
ResponderExcluirSejas SEMPRE bem vindo/a....!!!!
ExcluirFico feliz demais!
Lamentavelmente, não apareceu teu nome, e não sei (ainda) quem é.... de qualquer forma, realmente gostei que tenhas comentado!!!!!!!
Acho que a mulher que ele quer impressionar é a própria, me arrisco e acho que ele a ama...Qto as grifes, concordo com a Ana Macedo, elegância e bom gosto não necessariamente precisa de marcas, eu acho absurdo os preços praticados por algumas grifes e confesso que não pagaria, mesmo se milionária eu fosse, prefiro fazer caridade do que exibir grifes...cada um com suas escolhas, respeito as preferências e sei que infelizmente muitos nos julgam pela nossa aparência, se estamos usando roupas de marcas famosas ou não!!!! Atualmente os grandes ladrões estão todos usando grifes que custam o sofrimento do nosso povo...Perdoe meu desabafo ..
ResponderExcluirAh, mas é um desabafo francamente válido!!
ExcluirMinha ponderaçao é no sentido de que não penso que os "atuais" ladroes estejam usando grifes... acho que por esse tipo de ladroes, grifes sempre foram usadas... o que está acontecendo atualmente é que, diferente de qualquer outro tempo, em uma atitude inédita no Brasil, esses estão sendo presos! É uma ruptura histórica, um momento ímpar! Cumpre sabermos se nossos netos estudarão no futuro que isto tenha sido por um momento, em função de determinados homens corajosos, ou que esse nosso tempo tenha sido um marco histórico que tenha mudado a cultura, fazendo com que cadeia deixe de ser um lugar apenas para "ppp"!
Quanto ao conto, haverão de surgir respostas; quem sabe se ainda haja paixão entre os dois....?! Ou, melhor ainda, haja amor!!!
Obrigado Tel!!!
Obrigada poeta, eu que te agradeço... Sim os livros de história vão descrever esse momento histórico em que os crimes do "colarinho branco" finalmente sendo punidos e espero que sirva de lição para as futuras gerações e a justiça seja feita para todos...obrigada, meu lindo e querido escritor e poeta!!!
ExcluirConcordo com você Tel Bezerra em tudo sem tirar nada, eu penso desse mesmo geito.����������������
ResponderExcluirSobre o conto, tenho um pensamento porém prefiro aguarda mas capítulos .
Abraços poeta.
Supe obrigado, guria!!!
Excluir... mas eu gostaria, sim, de saber o que estás pensando!!!
Obrigada, Sheyla Costa! Valeu!
ExcluirBem... eu sou terminantemente contra a CENSURA. Mas recordo-me que foste tu mesmo, escritor, que decretaste que alguns assuntos não poderiam ser discutidos aqui.
ResponderExcluirAgora tu vens me falar em "determinados homens corajosos"?! Corajosos sendo absolutamente e claramente PARCIAIS?! Ora, escritor, um gritinho do "Fora Temer" é muito menos grave do que isso aí que acabaste de dizer.
Talvez seja melhor mesmo não discutirmos, AQUI, certos assuntos, escritor.
Lembremo-nos que, por razão do nosso referido estranhamento, perdemos o convívio, aqui no blog, de uma das pessoas extremamente especial: NORMINHA .
Vamos com calma, tá?
Hein??
ExcluirQuanto ao teu comentário político: hein????
ExcluirQuanto à NORMINHA (que tenho todo o carinho e sinto com tristeza a ausência) ela deixou o blog desde que eu furei a ida em Fortaleza!
HEIN???!!! Digo eu.
ExcluirDeixa pra lá!!!
Essa história dá uma crônica. E tu és o melhor cronista que conheço.
Olá!
ResponderExcluirTudo bem por aqui?
Um conto bom, rende bons comentários. Perseguimos o conforto, mas ele nos anula. Toda discussão nos tira do lugar. É válida. Bom papo como sempre por aqui. Saudades de todos.
ExcluirOi, guria!!!! Saudades tuas, também!!!!
ExcluirE como é bom sair do lugar!!!! Ah...... será que anula?!!
Super obrigado por apareceres!!!!
Oie!!
ExcluirPenso que sim. Perdemos a oportunidade de "ver a rua". De se experimentar.
Até!
Quero comentar do CONTO DELLA, mas vou esperar pela próxima parte.
ExcluirAbraços!
Teus comentários são seeeeeeempre bem vindos por teu jeito peculiar de ver o mundo...!!!!!
ExcluirE estou curioso pelo que estás achando....!!!!
Volto aqui, para PEDIR DESCULPAS!
ResponderExcluirPeço desculpas a ti, TEL! E peço desculpas a ti, LUÍS AUGUSTO!
Não gostaria de ter sido um "rolo compressor". Não gostaria de ter sido "agressiva".
Já que fui, me perdoem, se for possível!
Quero muito bem aos dois. E disse tenho a impressão de que não têm dúvida, não é?
Estás desculpada,não se preocupe,te queremos muito bem e sabemos que todos nós queremos o bem comum e a felicidade para nosso país!! Perdoe-me poeta se meu desabafo gerou esses comentários,não pretendia gerar nenhum desconforto entre vc e a Ana Macedo,me perdoem.
ExcluirEi, Tel....!!!!!!!
ExcluirNem te desculpes!!!!
Que bom é que de alguma forma, o conto tenha levado a tudo isso!!!!!!
É bom demais quando a literatura suscita discussão!!! Desde que boa, e sem agressões!!!!!
Desabafes sempre!!!!!!
Obrigada, poeta!!!
ExcluirEU NÃO AGREDI NINGUÉM.
ExcluirAgora, quem está se sentindo ofendida sou eu.
Por mim, desculpada, Ana.
ResponderExcluirMulher de "sangue quente" é isso...
Abraço!
Ah.... e como esquenta.... mas quão forjam homens nobres, as mães de sangue quente...!!!!!!
ExcluirAdorei o capítulo!
ResponderExcluirAh!!!!!!! Obrigado!!!!!!!
ExcluirE adorei que tenhas vindo aqui!!!!!!!!!!
Gostei do estilo do rapaz .... Já comecei a torcida por ele. 👏👏👏
ResponderExcluirPor enquanto, de fato, ele tem surpreendido e tem antecipado os movimentos DELLA!!
ExcluirCara vc e bom mesmo.
ResponderExcluirGosto desse suspense, dessa riqueza em detalhes, apaixonada aqui....Parabens meu amigo👏🏼
Mas bah!!!!!
ExcluirSuuuuper obrigado!!!!!
É muito bom quando algo que escrevemos é bem recebido!!!!!
Um baaaaaaita abraço!!!!!!