O TEATRO
Parte 2 - drama
— … óh!, Alberto… por que você nunca está junto quando quero você ao meu lado? — E Carolina afastou-se com um dramático movimento encostando o punho na testa, girando sobre si mesma e antes de cair, fora amparada por Frederico.
— Carolina! — Gritou Frederico, e, depois, repetiu mais baixo: — Carolina… — Pegou-a nos braços, olhou desafiadoramente para Alberto: — Desapareça, covarde! — Alberto deixou cair os ombros, baixou a cabeça e caminhou para fora do palco, sumindo por entre panos que traziam o desenho de uma estrada.
Primeiro, silêncio. Em seguida, aplausos. Muitos aplausos.
Fechou-se a cortina. Panos vermelhos apareceram de um lado e de outro, movendo-se em direção ao centro.
…
O teatro foi na praça, na frente da igreja. A missa tava cheia. Terminou a missa, e todo mundo parece que foi no teatro. O teatro tava mais cheio que a missa. Lá no lugar em que a gente joga bola na praça, cercaram com uma lona. Daí, tinham aquelas cadeiras de metal, com propaganda de cerveja. Muitas mesmo, tudo em fila, bem lindo. Na frente das cadeiras, o caminhãozinho, todo enfeitado. Em cima dizia “Paris” e no fundo, tinha uma torre pintada, parecida com a torre da antena da repetidora da TV. Na caçamba, que era o palco, dois bancos iguais aos da praça.
E toda a peça foi ali em cima do caminhãozinho.
Eu não era muito ligado nessas coisas de teatro. Na verdade, eu nunca tinha visto um. Nunca tinha assistido. Pra mim, pareceu gente falando de um jeito que a gente não fala na rua. Porque mexiam muito os braços, e pra qualquer coisa falavam “óh”, “ah”… e andavam de um lado pro outro. As pessoas que eu vejo conversando, ficam paradas, não ficam andando assim, como os atores. E eu não sabia direito quando era pra rir, ou pra ficar com “cara de óóóóhhh”… mas daí, eu ficava cuidando a Luísa. Ela não parou quieta! Ela ria, ia pra frente na cadeira, quase levantava, depois sentava, ficava assustada… e fazia “cara de óóóhhh”.
Eu lembro que no cartaz, lá na entrada dizia “Grande Drama”. Eu não sabia o que era “drama”. Quando fui perguntar pra vó, ela perguntou se eu já tinha feito a lição de casa da escola. Daí eu disse que ainda não, e ela respondeu que eu ia aprender o que era drama se eu não fizesse a lição naquela mesma hora! A vó é meio braba. Preferi não aprender com ela o que era drama.
Quando eu tava indo, encontrei o Conrado. Ele é muito metido. Eu e o Juca apelidamos o Conrado de “Sabão”… porque ele acha que sabe tudo! Daí, perguntei pra ele o que era drama. E ele me disse que era quando a gente via alguma coisa e ficava “óóóhhh”. Eu acho é que ele nem sabia nada. Mas eu queria descobrir, porque tava com medo que a Luísa me perguntasse e eu não soubesse dizer. Mas ela não perguntou. No fim, passou a peça inteira, e eu não descobri o que era drama. Mas seja lá o que for, eu adorei. Porque cada vez que todo mundo fazia “óóóóhhh”, a Luísa segurava no meu braço e apertava. Ela nem olhava pra mim, acho que ela nem sabia que tava apertando meu braço… mas eu sabia uma coisa: não queria que a peça terminasse… E drama, pra mim, podia ser “óóóóhhh pro resto da vida…
Por Luís Augusto Menna Barreto
Ohhhh! Que beleza de capítulo...
ResponderExcluirSensibilidade, dramão... Mas sua criatividade... Dá história !!
Bora pra plateia!
Barbaridade, obrigado, guria!!!
ExcluirSim, bora logo... torcer pra que a próxima peça, seja uma comédia!!!
Ooohhh!! Esse garoto tava mais focado na sua Luísa e suas reações com o drama do teatro. Isso é paixão. Gracinha demais.
ResponderExcluirQuero é saber onde essa paixão levará esses garotos...
ExcluirO TEATRO vem e passa... como será esse amor que nasceu...?
Que vozinha brava...!! kkkkk
ResponderExcluirMelhor mesmo é não saber... e viver esse momento lindo ao lado de sua Luísa!!! Vamos ver no que vai dar!
Mas, que bom que cheguei antes da peça começar!!! Tem uma vaguinha pra mim, amigos?!! Trouxe goma de mascar... quem vai querer??!!!
Claro que tem. Guardei tua cadeira, mas só se me der um chiclete! Eu gosto de mascar chiclete comendo algodão-Doce! Queres um pouco de algodão-doce pra experimentar?
ExcluirAh, tomara que hoje seja comédia!!!
Bora...!
Pô! Escrevi tanto! Depois dei um clik (ou clic) errado.
ResponderExcluirAh! Depois escrevo.
Abraço, escritor!
Que pena!!
ExcluirMas não tem problema! O mais legal é a reunião da turma pra ver a peça! Vem!!! Bora ver!!!!
Onem tava bem cheio, vamos entrar logo, pra pegar um lugar bom!
Vem Ana, senta aqui do meu lado, vamos ver a peça mascando chiclete com algodão doce igual o Poeta faz, pra ver se é bom mesmo...!
ResponderExcluirAh.... o chiclete fica muito mais docinho!!!!!!😆😋
ExcluirSílvia e Nice... quero provar do lanche de vocês, tá bom?!!! Hoje estou faminta... rsrsrs
ResponderExcluirPoeta, é verdade que o palhaço vai se apresentar hoje??!!!
Realmente não sei!!! Ainda não vi o cartaz da peça de hoje... mas que eu QUERO que o palhaço se apresente, isso eu quero!!!!!!
ExcluirOie! Armelinda.
ExcluirAinda não via a Nice... Mas ela vem !! Trouxe pipoca doce ... Gosto daquela com chocolate... Mas quero comprar um guaraná... Será que alguém encontra por aqui?!
Vixe !! Vai ter palhaço ?! Vai virar circo...
Vamos sentar juntos?! Lá na frente... Agente divide o que trouxe!
Bora!!! Quero um pouco dessa pipoca!!!!!
ExcluirVamos pegar lugar lá na frente!!!!!
A Nice vem sim! Já falou comigo!!!
Depois eu entro.
ResponderExcluirÉ porque não tinha de ser. Eu havia falado sobre Ana Isabel e o teatro.
Como diz em minha terra: "bestagem" ou "bestage" pura!
Ouvi dizer que essa tal Ana Isabel já fez incursões no teatro....! Acho que podemos ter boas histórias por aí....!!!!
ExcluirTambém ouvi dizer... Será que ela não faz uma apresentação pra gente?!
ExcluirTomara!
Vamos montar uma peça pra nós??? Quero ser o mocinho!!!
ExcluirAh! Menna... Tu és o "besta"!!! Já escolhestes ser o mocinho... Assim não vale!
ExcluirQue legal... uma peça pra nós!!! Maravilha...!!
ResponderExcluirQuem topa? que tal??
ExcluirAdorei a ideia!
ExcluirMas depois da comédia do teatro da praça... Eu quero participar!
ExcluirSim!!! Vamos ver como eles fazem pra gente montar o nosso!!!!
ExcluirDurante muito tempo, eu fiz teatro. Desde os meus 8 anos de idade. Em um período bem maior, fiz teatro amador. Em seguida, como diz o Luís Menna, fiz algumas "incursões" profissionais. Eu adorava!
ResponderExcluirAí concursei-me para a Universidade. Continuei com o teatro. Aconteceu, entretanto, que em determinado momento, senti que seria preciso optar por uma das carreiras.
Assim fiz.
(Pronto. Esta é a síntese do que eu havia escrito ontem.)
XXXXXXXXXXXXXX
Ô escritor, se tu fazes questão de ser o mocinho, eu faço questão de ser a vilã.
Certo?
Ehhhh e já teos a mocinha e uma atriz pra ajudar a gente...! Bora pensar numa peça?? Quem tem sugestão?
ExcluirAh! Um abraço meu cronista, absolutamente, PREDILETO!
ResponderExcluirBarbaridade...!
ExcluirSempre me sinto envaidecido por alguém das letras dizer-me "cronista", quando jamais havia pensado em receber o título, tão fã que sou de Luís Fernando Verísimo, Rubem Braga, Martha Medeiros, David Coimbra.......
... ah, um dia... uma dia...!
Além de quase sentir a paixão do adolescente,porque o Menna vai descrevendo de um jeito que a gente também tem vontade de se apaixonar... eu lembrei do dia em que o meu pai me levou pra conhecer o circo que passava na minha cidade. Um circo muito simples, em que a gente levava as cadeiras pra sentar. E meu pai falou que o circo era bom porque nos fazia rir. Mas que eu tivesse cuidado que ele também nos fazia chorar. Com o "drama".
ResponderExcluirE hoje, sempre que vou a um circo, rio e choro. Rio com os palhaços e choro de emoção. Acho que não prestei atenção ao conselho do meu pai. Ou talvez chore com saudades dele.
Bela história, lindo poeta!Sempre me emociono contigo.
Ah, Maria Zélia... emocionado fico eu, com a generosidade tamanha do teu comentário...!
ExcluirEntão vem... vem que guardamos lugar pra ti.
Vem, Maria, que hoje é dia de espetáculo!!!
Muito sensível e real ! Pude reviver um pouco da minha adolescência na pessoa do guri tamanha a semelhança. Seus contos tem essa capacidade, por isso os leio com calma, como se os desgustasse. Parabéns amigo Menna !
ResponderExcluirCaro Dr. Jackson, inevitavelmente, trago da infância lembranças que me remetem à literatura... sirvo-me, também, da observação de meu pequeno joão... e, quem sabe, das "licenças poéticas" que nossa memória faz conosco, procurando completar lacunas de lembrança, com aquilo que gostaríamos que tenha sido...
ExcluirÉ uma imensa satisfação teus comentários.
Super obrigado!!