"NÃO!"
Isso, assim em maiúsculas, pra saber que tem que dizer de maneira firme, peremptória!
Tu jamais podes vacilar diante dessa pergunta! Tens de nega-la veementemente!
Não queremos sinceridade… O espelho já nos dá sinceridade em excesso. A balança (aquela traidora!), já nos atormenta com sua desagradável sinceridade! Para quê, afinal, iríamos querer observações sinceras a nosso respeito, vindas de quem amamos?
Depois dessa pergunta (“posso ser sincera”) é impossível vir algo agradável!
Se nós nos aprontamos para uma festa, e aparecemos na porta, com a roupa escolhida e conseguimos acertar, e agradamos na escolha, não há preâmbulos! O comentário vem ao natural e sem pagar pedágios de raciocínios:
“Uau, um arraso!”
“Choquei!”
“Nossa”!
Ninguém usa “posso ser sincera” para dizer que acertamos, que arrasamos!
“Posso ser sincera” é um retórico prelúdio de algo que será frustrante. Ao ouvirmos o “posso ser sincera”, se não tivermos treinamento suficiente para agirmos por instinto, por reflexo, se não atacarmos com um “não" incisivo, já sabemos que haverá algo que guardaremos na caixinha de rancores, quase um relicário, para abrirmos na nossa vez de “posso ser sincera”!
E cuidado: é uma pergunta “semi-retórica”. Se não for imediatamente repelida com decisão, a sinceridade vai ser exposta! Não respeita o silêncio ou “nãos" hesitantes! A única chance é um “NÃO" maiúsculo!
Mas há um outro elemento!
“Posso ser sincera” é quase um paradoxo! É uma pergunta quase sem resposta possível! Porque se permitimos a pergunta, lá virá algo que não queremos ouvir… Porém, se conseguimos agir com rapidez, evitamos a pergunta… mas sabemos que existe algo ali, guardado, pronto para sair, que não queremos ouvir…
Então, não basta somente o “NÃO”, aquele maiúsculo lá do começo da crônica! É preciso bezuntá-lo com o conveniente sabor do cinismo! Precisamos dizer o “NÃO”, e reagirmos como se realmente não quiséssemos saber (o que é uma mentira!).
Resumindo: ao rejeitarmos a sinceridade de quem nos pergunta se pode ser sincera, rejeitamos a nossa própria sinceridade em estarmos morrendo de curiosidade sobre o conteúdo da sinceridade sobre nós!
Posso ser sincero? Mente para agradar-me, que eu finjo que acredito!
Luís Augusto Menna Barreto
14.4.2021 para 21.4.2021
Que texto tão verdadeiro Manhã...o.medo é algo que nos impulsiona, mas também nos bitola...o medo da sinceridade não é fácil de administrar... é um processo difícil, mas gratificante também. Amei. Abarço
ResponderExcluirLili!!!!! Obrigado demais!!!!!
ExcluirQue bom que vieste aqui, tirar a teias de aranha do lugar....!!!
Obrigaaaaaaaaaaaaaaaaaado!!!!!!!
Concordo em gênero e em número. E só. Isso, porque o grau nunca exigiu concordância.
ResponderExcluirDe fato, sinceridade demais beira a grosseiria.
Mas... a questão não é essa. O que quero saber é: por que a petgunta-título é feita por alguém do gênero feminino?
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Aqui vai um abraço com muita amizade, apesar do seu afastamento.
Ah!, escritora... que bom ver-te aqui!!!!
ExcluirQuanto à pergunta no feminino, com toda a sinceridade, não pensei em uma razão especial... achei que ficou mais bacana assim...! Ou poderia chamar mais a atenção...!
O afastamento tem sido por conta do meu descontentamento com o que a literatura me dá... tenho andado chateado com isso... só que não consegui não escrever!!!!
Então..."até um dia, até talvez, até quem sabe...!"
ResponderExcluirDessa eu gosto! Vivo assim!!!!!
ExcluirMas acho que assim diz mais do que quero:
ResponderExcluir"Até um dia, até talvez, até...Quem sabe?!" Nunca?
Que me perdoe o poeta, pela alteração. Ela foi fruto da minha leitura de agora.
Dessa não gosto..... “nunca” é sempre muito tempo....!
ExcluirGostei muito e me vi muito no texto porque já respondi tantas vezes sim, e depois a resposta recebida ia para a "caixinha do rancor" (rsrsrs amei isso), pois é, mas hoje estou na fase do não quero saber kkkkkkk!
ResponderExcluirAbraços, Sueli
Ah!, Sueli!!!! Obrigado demais!!!!!
ExcluirJá disse Cazuza:
“(...) mentiras sinceras me interessam...(...)”
É um elogio não tão sincero pode ser aquela “verdade que se esqueceu de acontecer”, nas palavras de Quintana!!!!