Conto Della
__________
Decisões - parte 7
O paladar era de café da manhã… mas no Summer Pavilion, restaurante do hotel, os pratos eram os de jantar.
Assim que chegaram no hotel, depois de um dia e duas horas de viagem via Doha, esgotados embora o conforto da 1ª classe no Qatar Airways, ele providenciou o check in de ambos e disse que a aguardaria no restaurante. Mesmo acostumados a viagens, era sempre estranho viajar a noite toda e chegar ainda no início de uma próxima noite, conseqüência do fuso horário de 11 horas a mais da cidade-estado de Singapura em relação ao Brasil. Quando ela chegou, ele havia pedido Dal Tadka, um prato indiano com Lentilhas amarelas, cebolas, tomates e especiarias indianas.
— Ainda não entendo por que você fez questão que eu viesse. — Ela lhe disse, talvez para quebrar o silêncio. — Você está perfeito. Nem o reconheço mais. Não tem mais nada do universitário relaxado, o nerd de computadores que você era.
Ele sorriu. Olhou nos olhos dela:
— Algumas coisas conseguimos mudar.
— Comportamento é uma delas. — Ela respondeu.
— Eu perdi você pelo meu comportamento. Não entendia o quanto era importante pra você as coisas que eu falava, ou que eu vestia.
— Você sempre foi alguém interessante. Sempre teve um jeito diferente e único de ver o mundo. Foi esse jeito que fez você desenvolver o aplicativo que hoje vale essa disputa de milhões. Não eram as coisas que você falava ou o que vestia… era como você falava, quando você falava, e como se vestia.
Ele ficou um instante parado, olhando pra ela. Até que falou:
— Outras coisas, não conseguimos mudar… — E, propositadamente, deixou a frase no ar.
Ela disse:
— “Jack Campbell”.
E, como no passado, ele não entendeu o que ela queria dizer.
…
— “Jack Campbell”! Você é meu "Jack Campbell”!
— O quê? Quem é esse cara? — Ele perguntou intrigado.
— Você não vê esses filmes! — Ela respondeu. Ela se referia ao personagem de Nicolas Cage no filme "Um Homem de Família", de 2000, em que numa determinada cena, “Jack Campbell” olhava para “Kate" (personagem de Tea Leoni) e ela perguntava como podia, depois de tantos anos, ele olhar para ela como se fizesse anos que não a tivesse visto.
Quando ainda namoravam e, depois, como noivos, ela às vezes tinha a impressão que ele a olhava assim! Então quando ela sentia esse olhar, chamava-o de “Jack Campbell”, ainda que ele nunca entendesse a quem ela se referia.
…
A reunião dele com a poderosa CEO do grupo que iria realizar a fusão e incorporar a rede de hotéis que ele representava, seria no dia seguinte.
— Nós temos de descansar. Preciso de você pronta amanhã, 21 horas. Não repare se eu estiver nervoso. Mas você pode ter certeza que eu saberei muito bem o que tenho de fazer.
Despediram-se. Durante o dia, não se viram nem se encontraram.
Por volta de 14 horas, um mensageiro deixou para ela um recado de que a reunião seria na ala privada do Restaurante.
Às 21 horas, ela desceu. Pontualmente. Foi recebida por um maître impecável que disse que o vinho havia sido escolhido pelo anfitrião, um tinto São José de Pêra Manca "Pêra-Grave" Reserva 2013 Sexteto.
A reunião da fusão já havia acontecido às 15 horas, no "The Fullerton Hotel Singapore”, no centro financeiro de Singapura, sem que ela tivesse sido avisada. Não foi para essa reunião que ele a trouxe. Fora um sucesso. Há algumas horas, ele se tornara um bilionário. E achou que fora até bem simples lidar com a representante do grupo europeu que adquiriu o grupo que ele representava. Os valores superaram o ágio que ele previa, e o fechamento do negócio decorreu mais tranquilo do que imaginava.
A grande proposta, porém, pela qual a ansiedade dele atrapalhava seu normal ritmo cardíaco, viria desse novo encontro:
21 horas e 3 minutos. Ela esperou menos de três minutos. O tempo suficiente para uma pequena ansiedade, mas não exagerado a ponto de causar qualquer irritação pela demora. Fora calculado por ele. O que ele não calculou, é que ela estaria vestida daquela forma: um vestido longo, Versace, na cor creme em um tom levemente mais forte do que a pele dela. Ele hesitou o passo um instante quase imperceptível. Definitivamente, aquele vestido não estava adequado para a reunião de negócios que ele havia há meses sugerido para ela que aconteceria.
“Então, ela também erra!”, ele pensou.
Sorriu com o canto da boca, retomou o controle, e aproximou-se em passos decididos.
(continua…)
Por Luís Augusto Menna Barreto
E agora?
ResponderExcluirO que acontecerá neste encontro?
Como será essa reunião?
No aguardo do capítulo final!!!
No máximo até sábado, será publicada a parte final.
ExcluirAlgumas perguntas ficaram no ar...
"Então ela também erra."
ResponderExcluirNào... nào acho que seja um erro dela. Deve ser algo muito bem elaborado por ela... por algum motivo bem sério...
Ai...ai... que ansiedade...
Boa questão... será que foi um erro?
ExcluirMas, já tendo havido a reunião sobre a fusão, qual a intenção dele...? E, se o vestido não foi um erro, qual a intenção dela?
... haverá algumas respostas... publicarei a parte final até sábado no máximo...!!
Super obrigado, Armelinda!
Muito obrigada eu, poeta!!! Pela oportunidade de pegar carona nas asas da tua imaginação!!!
ResponderExcluirUau!!!!!!!
ExcluirNem sei o que dizer!!!!
Bem vinda sempre!!!!!
Até sábado, publico a parte final!!!!!
Que o sábado não demore muito...!
ResponderExcluirAcho que até eu estou ansioso!!!!!
ExcluirMaravilha!!! Parabéns Poeta!!
ResponderExcluirSuper obrigado, guria!!!!
ExcluirVamos, agora, aguardar o final!!!!
Narrativa envolvente. Vou continuar no desdobramento. Show !
ResponderExcluirMas báh.... só que acho que agora que a porca torce o rabo rsrsrsrsrs.....
ExcluirQue ansiedade......ai!
ResponderExcluir