HISTÓRIAS CURTAS
Temporada 1; capítulo 2 de 3
Ele sabia de quem era a motoca vermelha…
Sabia que ela estaria lá. Sabia que ela o receberia com aquele sorriso como se nada de estranho houvesse acontecido, aquele sorriso que faria parecer que a vida inteira esteve tudo bem… aquele sorriso que o desarmaria no momento em que visse e que não o deixaria perguntar absolutamente nada do que se passou.
Quando viu a motoca na frente de onde morava, ele parou alguns segundos, tentando pensar entre o coração que lhe disparava e impunha a ordem imediata de subir correndo e estender os braços, e sua alma que lhe mandava tentar sempre surpreendê-la com algo que seria só seu. Entre coração e alma, voltou, foi até a banca de flores e comprou a rosa.
Então algo estranho houve-lhe…
Pensou nos meses de aparente paz que tivera. Sem notícias.
Lembrou-se do quanto foram sofridos os primeiros dias. O primeiro mês.
Ponderou sobre sua calma…
Ponderou sobre a menina com quem andava conversando e que, se não lhe trazia a chama avassaladora que sentia quando pensava o quanto esperava ver a motoca vermelha em frente de sua casa, a menina trazia-lhe um agradável sorriso no coração…
Caminhava com a rosa na mão, e notou-se estranhamente diminuindo o passo, como que querendo dar mais tempo à própria dúvida…
Parou junto à motoca e seu coração batia tão forte que podia sentir as batidas sacudindo-o, podia, mesmo, ouvi-las.
Largou a rosa presa no banco da motoca… uma angústia nunca antes sentida, uma dúvida que jamais tivera, assolava-o…
Recuou uns passos…
Virou-se. Caminhou devagar e inseguro, afastando-se da motoca.
Viu que da esquina, vindo também devagar em sua direção, a menina via-o… e ela imediatamente entendeu tudo… sobretudo a dúvida dele.
Ela caminhou na direção da menina, como quem procura ajuda…
Ela o abraçou. Entre tudo o que lhe poderia dizer disse apenas uma palavra.
“Corre”.
Quebrou-se o abraço. E ele correu. E correndo, veio-lhe um sorriso… O mesmo que havia ficado na menina, que estava lá, parada… talvez sabendo que perdera, ela, seu amado… … mas com o sorriso de quem salvou o seu amor.
Por Luís Augusto Menna Barreto
PS: As Histórias Curtas estavam escritas há tempos. Nem sei quanto. Mas tanto quanto as postagens do “Conto de Ella”, que ao longo do tempo, fui fazendo modificações de acordo com as contribuições e comentários que tão gentilmente foram-se somando ao longo do conto, também nestas Histórias Curtas, eu me preparei para eventualmente fazer modificações. Pois já no primeiro capítulo, a grata amiga SANDRA CARRERO, de Brasília, Taguatinga, fez um comentário que me fez dar um rumo completamente diferente à história (o rumo da escrita, não dos destinos dos personagens, eis que estes, eles próprios seguem, sendo eu, mero refém da história que constroem).
Então é necessário o registro e meu mais sincero agradecimento a esta amiga (e chamo-a assim, mesmo sem jamais a termos estado frente a frente), que, poetiza, tem-me presenteado (e a todos que lêem o blog), com comentários francamente suaves e que, muitas vezes - como nesta em excelência - completam ou transformam o escrito.
Obrigado amiga, poetiza Sandra Carrero.
Mas... Há dúvidas...
ResponderExcluirA vida é cruel, difícil...
O que vale na vida: "a menina que traz o sorriso no coração" ou àquela que faz o coração sair do peito?
Ahhhh!!!! Acredito que o que vale a pena é sentir a alma e tudo aquilo que faz nosso mundo girar e nosso coração acelerar.
Busquemos, então, a plenitude de um amor completo!
Forte abraço, amigo "escrevedor ".
Mas como seria esse amor completo...??
ExcluirNuma, ele sente seu coração explodir... noutra, sente a calma que tanto quer...
... como ser completo em duas direções tão opostas...?
Ele correu... ... pra onde..?
Corre e foge mesmo, o que os olhos não vêem o coração não sente,já diz o ditado popular....busca um amor sem sobressaltos e angústias, volta pra menina que faz teu coração sorrir e seja feliz....
ResponderExcluirAh, Tel... tão bom teus comentários... tão agradável ver que, desde o Conto de Ella, tu deixaste claro tua posição...
ExcluirSeria isso o instinto de mãe sentindo a aflição do filho...?
Mil obrigados por vires aqui comentar...!!!
Histórias se misturam.
ResponderExcluirAlguns amam, outros se amam. E há ainda, outros, que são amados.
No coração da menina, que traz sorrisos e não apenas os “choques avassaladores no corpo e alma”, também pulsa tais assombros. A diferença talvez esteja na forma como enxerga tal amor. O “choque” está nela quando o vê. Além do retorno em sorrisos que o moço, tão querido, oferece, ela sabe que nunca conseguirá mais que isso... Simplesmente porque nunca aceitaria um amor “não correspondido” apenas por conveniência ou pena – do lado daquele a quem quer tanto bem.
E se ele apenas “gosta” de sua companhia, sem toques “quentes”, sem suspiros à distância – na necessidade que querer estar junto ao corpo -, tudo bem... Neste momento, pode ser suficiente! Não é o melhor, claro! Há mais que pequenos afagos (em desejos) vindos de seu ser...
Porém, quando o viu na rua, em dúvida, percebendo à distância, sua respiração sufocante, só lhe ocorreu o óbvio: “Corre!”
...
Provavelmente nunca estarão juntos,... Aperta-lhe o peito saber tal verdade.
Algumas vezes desejamos, ao menos, o contato mínimo de quem não pode nos oferecer “o máximo”.
Porém ela descobriu, quase instantaneamente, que a sensação de vê-lo livre, em passos lentos, rumo ao próprio destino, a libertaria também!
E não seria uma “fuga” da presença rara e tão importante como a dele... Afastamentos não significam, necessariamente, esquecimentos.
Podem tem o gosto doce da esperança (quem sabe?) de um futuro em possibilidades que o hoje não permite...
Ou mesmo a percepção única de saber que seu grande amigo se transformaria, mesmo longe, numa brisa fresca que só um amor incondicional pode oferecer em pétalas de uma rosa...
e...... olho e aplaudo, poetiza...!
ExcluirOlho e aplaudo....!
Amigo poeta!
ResponderExcluirComo agradecer esse afago que resolveu me dar?
Nem com todas as palavras do mundo conseguiria...
Tornou-me parte do enredo que, em meu inocente comentário, acabei me intrometendo em ideias!
Tenho esse defeito, sabe! (ou seria qualidade?) Sempre me coloco nos textos que leio. Sempre acabo fazendo parte dos poemas que aprecio... E, desde os contos de Ella, acabo me confundindo com os personagens.
Entro nas fotos.
Abraço criações.
Talvez porque possuímos essa capacidade louca de sermos tantos em um só. Por causa de nossas experiências de vida ou mesmo em observação às vidas dos que amamos ao nosso redor...
E acabei lá, na rua, olhando para o moço amado...
Acabei escrevendo um pouco mais (veja acima). A perspectiva dela, da menina que era apenas amiga e tornou-se... salvadora?... Que pretensão a minha!
Perdoe-me, mais uma vez, entrar na história por outro ângulo – em visão...
Meu querido, obrigada!
Deixou meu dia leve.
Sem perceber, me deu uma importância que nem eu sabia que tinha...
Ah, entras sempre na história, vem.... ali, na cena de hoje, eras tu...
Excluir... e como foi delicioso reescrever.... deste um rumo completamente novo à história e agora, que antes eu estava tão seguro e sabedor da história, sou colocado em terreno novo, que não conheço......
... e pergunto-me, como a história haverá de resolver-se na quinta, no último capítulo dessa temporada....??!!
Oi amigo escritor.
ResponderExcluirSaber escolher o caminho no momento certo faz com que procuremos sempre saber o que fazer. A opção será sempre a melhor daquele instante depois venha o que vier.
Ah, que sábias palavras, Dr. Izamir! Exatamente isso: uma vez escolhido, foi a melhor escolha!!!
ExcluirMil obrigados...!!!!
Ah! Os amores! Cada um é um; e um é a base do outro. Cada um de nós teve e terá os seus. E nenhum se repetirá.
ResponderExcluirAh! O AMOR! Este não é para ser entendido, pois suas faces são várias, além de multicores e multiformes.
"Ele" ama com o seu jeito de amar.
"Ela" ama com o seu próprio jeito.
E a menina?!
A menina é a tangente que surge como uma possibilidade, mesmo aparentemente tendo ficado.
Sim.... e eis que surge um elemento novo.... um contraponto de serenidade... alguém que ele não tinha a dizer-lhe: "corre"....!
ExcluirUm abraço aconchegante, meu POETA, numa noite baiana de muito vento e mar revolto!
ResponderExcluirRecebo-o, numa noite de generosas chuvas amazônicas....!!!
ExcluirNão quero comentar... porque sinto me parte... entendo is sentimentos envolvidos... (aff) Tão humano... e real...
ResponderExcluirSente-se como parte........ qual das partes.... agora 3?
ExcluirObrigado, Sylvia...!!!!
Que curioso... Mas quem nunca... quem nunca viu um amor se ir... Duro à princípio... mas libertador.
ExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ExcluirBoa Noite, Escritor! Boa noite a todos! Minha querida amiga irmã Ana Isabel Macedo disse-me para vir e eu vim! E gostei do que vi!
ResponderExcluir"Quebrou-se o abraço. E ele correu. E correndo, veio-lhe um sorriso… O mesmo que havia ficado na menina, que estava lá, parada… talvez sabendo que perdera, ela, seu amado… … mas com o sorriso de quem salvou o seu amor."
Um laço perfeito para o texto! Na minha condição de Poeta, em seu tratando de crônicas e contas, sou um ousado ignorante para tecer um comentário à altura. Asssim sendo, agradeço a Ana pela indicação e parabenizo o autor! Uma boa noite a todos!
Pela madrugada.....
ExcluirA quem veja essa generosidade em palavras, saiba, que se trata de um escritor de verdade.
E empresta-me, com o comentário, crédito que não tenho.
Leiam-no, e saberão o que digo....
Como me vem com seu nome, comentar, não sei ainda, se estou autorizado a indicar o blog... vou consultá-lo e, se autorizado, indico onde lê-lo...!!!!!!
Nobre escritor, este que humildemente se apresenta é "apenas" um Poeta. Já justifico o termo: É que a Poesia, epistemologicamente inútil, sendo ela a argamassa do Poeta, parece carecer de importância no modelo social instalado. Vou e volto. O Poeta é perigoso... (falando sussurrando para ninguém ouvir...) Ele subverte a palavra, brincando com a semântica e confundindo os brutos com suas figuras de linguagem. Paulo Leminski já dizia que "todas as civilizações tiveram seus grandes poetas, né? Eis que a "Teogonia", do poeta Hesíodo, apresenta-nos os Deuses, já no "pispei" de tudo, como diria Elomar Figueira. Portanto, melhor me redimir! "apenas", não! POETA, sim! Por que haveria de subestimar esse "inútil necessário"? Caso queira conhecer um pouco das linhas tortas deste menino, permita-me ousadamente indicar meu endereço eletrônico: www.palavratura2.blogspot.com.br.
ExcluirSaudações!
P.S. - Solicito a leitura do Poema "Ná arvore", poema de 2010, no endereço indicado. Linhas do "destino" ou do "acaso", como queira. Interessante, ele dialoga com sua "Poesia de Ver"..
E.... agora...???
ExcluirEstudo pra descobrir o que está escrito, ou contento-me com o que senti...? Fico com o que senti, porque é inevitavelmente belo, e envaidece-me...!
Quanto à leitura... filio-me à recomendação do escritor:
leiam todos: www.palavratura2.blogspot.com.br
Barbaridade. Um baita obrigado!!!
Quanto desassossego traz um amor! E nunca combina com paz...
ResponderExcluirAinda bem que existe a menina pra dizer "Corre"; essa sim, livre, e feliz à sua maneira, que entendeu a necessidade do amigo em ir em busca do seu amor.
Seria amigo, para ela... ou teria ela, um "desassossego" por ele...? Seria ele o "Elle" para ela...???
ExcluirObrigado, Maria!!
É ... quem ama também sofre, mas não deixa de amar por isso ... o amor é sempre ! Supimpa Menna !
ResponderExcluirDr. Jackson...
Excluir... não fazes idéia do quanto me envaidece, ter-te aqui comentando...!
O amor...? Ah... que seria dele sem o sofrimento... talvez o sofrimento seja a medida do amor... sem sofrimento, talvez nem o percebêssemos...!
Super obrigado, Doc.!!