quarta-feira, 11 de dezembro de 2024

Aleatórios

  

Enquanto Esther olhava para a imensa porta de entrada da Basílica de Nossa Senhora de Nazaré, com o coração cada vez mais acelerado, ponderando se entrava ou não, Suellen pedia uma cuia de açaí no mercado do Ver-O-Peso, ao mesmo tempo em que Deyse, no trabalho, ligava para o filho.

Esther sentia um medo real, e por isso hesitava… 

Suellen estranhou quando viu a dona da barraca de açaí pegar uma pá e enfiar no isopor com gelo em escama e colocar no fundo da cuia…

Deyse consultou o relógio e ponderou o horário…

“Tem uns postes de luz queimados na rua, Eduardo, não vais tarde pra casa”, disse Deyse, no mesmo instante em que Suellem soltava um “égua, não”, em protesto à dona da Barraca que colocava o açaí por cima do gelo em escamas, enquanto Esther finalmente cruzava a porta da Basílica, de olhos fechados, com sincero medo de que morresse queimada, por jamais ter entrado ali antes e agora ter decidido entrar porque queria pedir a bênção da Nazinha para passar no exame da OAB.

Elas trabalham juntas todos os dias. Todos os dias tem assuntos em comum. 

… e mesmo assim, a vida é deliciosamente aleatória…!


Luís Augusto Menna Barreto

11 de dezembro de 2024


PS:  Isso tudo realmente aconteceu. Essas meninas maravilhosas trabalham na mesma equipe… e um dia qualquer (aleatório) eu simplesmente parei e as ouvi contando  estes fatos ao mesmo tempo, enquanto Deyse, conversando e ao mesmo tempo falando ao telefone com Eduardo, recomendava-lhe que chegasse cedo em casa.

Então eu sorri, e agradeci à Deus, entendendo por um instante, como a vida pode ser deliciosamente cotidiana!

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