UM CONTO DE FÉ
Parte 2
— … e reze um rosário em penitência. — Disse isso, enquanto fazia o sinal da cruz, e aguardava que ele levantasse.
Ele não levantou em silêncio absoluto… ele sempre agradecia ao padre que o confessasse.
Decidiu por se confessar, no dia em que falaria para sua mãe.
Com a mãe, as coisas sempre foram mais fáceis. E ela sempre se preocupava em dobro: preocupava-se pelas angústias dele… e preocupava-se como o pai iria reagir. Não que fosse um bruto. Não o era. Mas era rígido:
…
— O que foi isso? — perguntou-lhe o pai, quando ele chegou da escola com um olho roxo!
Ele, de cabeça baixa, segurava o choro, sem responder. O pai abaixou-se na frente dele:
— Olhe pra mim. Você vai voltar lá, e não virá embora antes de que quem tenha feito isso, fique igual a você, entendido?
Ele balançou a cabeça. Largou os cadernos da quinta série e retornou pelo caminho da escola, assolado pela angústia tremenda. Não tinha medo de quem lhe batera. Não teria medo da briga, ou de apanhar de novo… a angústia era porque não queria brigar. Sobretudo, apavorava-lhe a ideia de bater em alguém. Mas não ousaria desobedecer o pai.
Antes de chegar na escola, viu o garoto que lhe havia agredido passar correndo e chorando, com a camisa rasgada e uma das mãos no rosto. Em seguida, viu seu irmão, 15 meses mais velho, com o uniforme todo desalinhado:
— O pai mandou você voltar?
Ele balançou a cabeça. O irmão colocou a mão sobre seus ombros, virou-lhe no caminho de casa e saiu caminhando ao seu lado.
— Já resolvi pra você. O olho dele também está roxo.
De alguma forma ele sentiu um alívio. E sentiu-se quase culpado por isso, porque entendia que pelo pecado do irmão, escapara de pecar batendo ele mesmo no colega.
O irmão tornou a falar:
— Mas olha, agora você me deve uma. Não vai contar pro pai que me viu fumando nos fundos da escola.
…
Quando contou para a mãe, ela encheu os olhos de lágrimas que não caíram.
O coração de mãe, sabia há tempos… mas era diferente ouvindo-o falar. Talvez não estivesse preparada.
Passados uns instantes, ela pegou as mãos do filho, segurou-as e disse-lhe, simplesmente:
— Filho. Tu serás sempre medido e julgado, pelo tamanho do teu coração. E eu tenho muito orgulho de você.
Ele abraçou a mãe. Quando soltaram o abraço, veio a pergunta que ele esperava:
— Quando você vai contar para o seu pai? Ele está doente, você sabe…
Ele baixou os olhos…
— Eu não sei…
— Você precisa contar. Não pode esconder.
— Eu sei…
Por Luís Augusto Menna Barreto
Empatia por essa mãe... Sempre o amor mais verdadeiro! Boas festas a todos!!
ResponderExcluirAmor de mãe... INCONDICIONAL.... como uma mãe há 2017 anos atrás...!!!
ExcluirSim! Maria que deu à luz ao Príncipe da Paz é um bom exemplo de amor verdadeiro... Nem todas as mães neste mundo são ou serão como ela... Mas seu exemplo ficou registrado.
ExcluirDificilmente uma mãe não será Maria, penso....!
ExcluirMÃE... Sempre digo e repito, que é o ser mais sagrado que Deus criou, sempre tão compreensiva e protetora. E sempre dividida entre as questões dos filhos e a rigidez do pai, e o mistério continua.... enredo de novela, aguardando o próximo capítulo...
ResponderExcluirAmor de mãe.... acho que só sendo mãe pra saber a dimensão de amar algo que tenha sido gerado decai mesma.....!!!!!!!
ExcluirAntes de me tornar mãe, ouvia o povo dizer: "...ser mãe é sofrer no paraíso." Ficava intrigada, nào entendia. como podia alguém sofrer no paraíso?!!! Muito estranho!
ResponderExcluirHoje sei bem o que é isso... A felicidade de ser mãe é indescritível...porém...quando um filho tem um problema, a gente sofre mais que eles...!
Impossivel haver amor maior....!!!
ExcluirFeliz Natal, guria!!!!!!
Obrigada, Poeta!!!!
ResponderExcluirFeliz Natal também!!!
Para você e todos do Blog!
Natal.... que dia BOM!
ExcluirAmor de mãe!!!
ResponderExcluirO mais verdadeiro e incondicional!!!
Lindo!
Que venha o próximo capítulo!
Feliz Natal a todos que passarem pelo blog!
Que venha o próximo!!!!
Excluir.... e virá!!!!!
Ah!, o amor de mãe....!!!
/Seu pai está doente e por isso precisa contar?!/
ResponderExcluirAcho que não. Não precisa não. Para quê?!
Nem toda verdade é preciso ser dita. Há verdades que magoam demais. E nem toda mágoa é compensadora.
Considero a verdade como um dos pilares da virtude. Entretanto, fazer apologia à verdade absoluta, em certas circunstâncias, pode ser uma grande maldade. Além de ser uma atitude meio hipócrita. Quem nunca omitiu uma verdade? Quem?!
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Luís Menna, o conto promete discussões polêmicas. E isso, tu sabes, é um excelente sinal de literatura boa.
Parabéns!
Um grande abraço!
Mas que presente de Natal bom tu colocares teu comentário!!!!!
ExcluirDe fato, penso que nem todas as verdades precisam ser expostas... mas penso, também, que a natureza dos personagens exige que conte. Penso que o personagem ficaria por demais angustiado em reter isso consigo... ao menos é o que retiro do que me fala o próprio personagem quando o investigo, quando o tento escrever...
... então, a necessidade, antes de ser uma verdade para todos, é uma sentença para ele.
De resto, se causar alguma discussão, seja sobre a fé, seja sobre a crença, seja sobre o segredo do personagem.... que venha.
De minha parte (e normalmente de todos os que frequentam o blog!) toda a discussão será tratada com todo o respeito.
Ah, se me permites: este tema e outros poderão ser tratados e discutidos no dia 29, a partir das 20 horas, pelo blog e pelo periscope, de forma simultânea, quando estarei ao vivo respondendo perguntas!!!!
Que belo convite, hein?!?
ResponderExcluirQue plateia luxuosa essa sua... Comentário de Ana Macedo de presente de Natal. ⭐️
E não é, guria?!!!!
ExcluirMulheres são mais sensatas, menos agressivas e mesmo sem ser mães elas tem o instinto. Concordo plenamente com o sábio comentário da escritora Ana Macedo! Há coisas que feririam tão grandemente a alguém tão importante e querido por nós como nossos pais, genitores, irmãos, filhos. Que contar seria sofrer duas vezes. O que está no passado... melhor ser apagado se não foi dito na hora do acontecimento!
ResponderExcluir... mas e se for algo permanente...? algo que ele carrega na alma e que terá de tomar uma decisão?
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