Bora Cronicar
Com a Mãe Certa, o Filho é Santo
Santo Agostinho e São Tomás de Aquino são tidos como os dois maiores filósofos da Igreja Católica. De São Tomás de Aquino li a Summa Theológica, livro de 1200 páginas que herdei do meu pai, e de Santo Agostinho, eu já li alguma coisa, especialmente (e mais de uma vez) as “Confissões”.
Eu li obras de Santo Agostinho, porque sou mesmo fã dele. Por dois principais motivos: primeiro, que ele teve uma vida mundana, cheia de pecados, até quando se converteu, com mais de trinta anos, depois de ter um relacionamento de mais de quinze anos com uma mulher que deu à luz a seu filho Adeodato. Eu sei que já passei da idade em que Santo Agostinho converteu-se, mas, por outro lado, talvez não tenha o currículo de pecados que ele havia acumulado na época e para os costumes da época. Então, o fato de que este maravilhoso Santo tivera antes uma vida mundana, dá-me esperança. Mas tem mais um motivo que me faz gostar muito de Santo Agostinho: o fato de que muitos atribuem sua conversão não a ele próprio, mas, antes, à fé de sua mãe.
Conta a história, que já quando Santo Agostinho morava em Milão com sua mãe Mônica (Santa Mônica), ao aproximarem-se da amizade com o Bispo Ambrósio, de famosa retórica, Mônica (nesta época apenas Mônica, mas já destinada à santidade por ter um filho como o então Agostinho), ia todos os dias, TODOS, ter com Dom Ambrósio, e lamuriar-se pelas estrepolias do filho, que lhe dava tanta dor de cabeça. Dizem que todos os dias chorava, e lamentava-se para o bispo!
Pois o bispo que ainda não era santo (depois se tornou Santo Ambrósio), enquanto apenas humano, aguentou o que podia… mas, convenhamos: aturar todos os dias, todos os dias, todos os dias, a mesma mulher com a mesma lamúria, por conta de um filho mala, não deveria ser fácil. Um dia, aconteceria de acabar sua paciência! Pimba!, foi o que aconteceu: num desses dias, em que Ambrósio levantou-se com o pé esquerdo, chega lá a Dona Mônica, para mais uma vez, desfiar o rosário de lamúrias, antes do rosário de orações. E aconteceu: não aguentando mais, o bispo Ambrósio encheu o saco e disparou: “vai-te daqui, mulher! Chega! Voltes pra tua casa! Não há de perder-se um filho de tantas lágrimas!”
O que aconteceu com isso? Bem, a história não conta ao certo se Mônica desmaiou, teve um piti, ou mandou o bispo às favas, lembrando-lhe de sua devoção… mas a história dá conta de uma coisa: neste dia, houve-se a conversão de Santo Agostinho!
É por conta destes episódios, que muitos atribuem a conversão de Santo Agostinho à Santa Mônica, quando ia chorar as pitangas para Santo Ambrósio! E repararam? O desregramento de Santo Agostinho, no fim das contas, fez gerar dois Santos para as fileiras da Igreja Católica!
Eu penso que se tenha dado o seguinte: Santo Ambrósio virou santo, porque aguentou Santa Mônica (até então e para o então bispo Ambrósio, apenas “Mônica, aquela mulher chorona”); Santa Mônica virou santa porque por intercessão direta sua, pela sua fé, pela sua dedicação e constância, teria realizado o milagre da conversão de Santo Agostinho! E o Santo Agostinho, no final, deu-se bem, e virou santo porque, por sua causa, duas pessoas foram santificadas!
Ok… ok… pode não ter sido exatamente assim, exatamente estes os motivos da beatificação dos três, mas esta é a maneira como eu gosto de pensar!
E foi daí, que virei fã de Santo Agostinho: ele não foi santo o tempo todo (como eu não sou!). E nem foi tanto por sua própria fé que se converteu, mas, antes, foi pela fé de sua mãe! Bom, então eu tenho chance! Não de virar santo, não!, isso não vejo chances, mas quem sabe a salvação! Deposito muita esperança na fé da minha mãe! Tudo bem que a mãe não vai todos os dias encher o saco do Padre da Igreja Nossa Senhora da Boa Viagem, ou simplesmente Igreja da Cidade Baixa, em Santo Antônio da Patrulha (lá não tem bispo, não é sede de diocese). Mas ainda assim, ela sempre foi querida pelos padres (talvez, justamente por se limitar a ir na missa aos domingos e não ficar lamuriando-se com o padre). Mas minha mãe, D. Zélia, tem uma fé muito forte, e eu acredito que pela oração dela, eu posso ser salvo!
Santo Agostinho que me traz esta esperança! Daí, minha devoção a ele!
Mas eu comecei dizendo que Santo Agostinho foi um dos maiores filósofos da Igreja Católica! Pois foi! E numa dessas filosofadas, Santo Agostinho propôs-se a definir a eternidade. E eu, com minha modesta genialidade, vou resumir: Santo Agostinho fala que a eternidade não é o tempo infinito, não é ter todo o tempo do mundo! Eternidade é, justamente, a ausência de tempo! Ou seja: tudo acontecendo junto: tudo foi, tudo é, tudo será - ao mesmo tempo! No paraíso, seremos consciência (alma) de forma plena, e sem depender de tempo. Isso justificaria e explicaria, inclusive, o dia do juízo final, porque não seria necessário uma vinda do juízo final. Assim que adentrássemos à eternidade, viria o juízo final, estaríamos no juízo final e passaríamos pelo juízo final. Ao mesmo tempo. De forma plena, sem filas! Ficou complicado? Bem, Santo Agostinho explica muito melhor! Mas o babado é esse: ele defende que eternidade não é tempo infinito: é ausência de tempo!
Porque eu falei de tudo isso hoje?
Ah… porque eu, que não sou santo, tenho um conceito diferente de eternidade! Lá vai: eternidade, é você, meu caro, amigo leitor, casado, em seu papel de marido, ter que entrar naquela loja de roupas femininas em liquidação, e esperar uma eternidade até ela escolher uma única blusinha, enquanto segura todas as outras sacolas pra ela!
Ausência de tempo o caramba!
Luís Augusto Menna Barreto
21.2.2019
Kkkkkkkkkkkkk
ResponderExcluirÉ realmente um babado esse conto... Assim mesmo sem aspas... E essa tua caramba quase falta com respeito ao santo...
E essa preocupação com juízo final... tempo... salvação... Eu hein!!! Tanta coisa pra viver Dr! Tão jovem! Relaxa que God há de te compensar...
Bom dia!
Vivo preocupado com isso... Está escrito que devemos estar preparado... e eu acho que nunca estou...!😬
ExcluirIgual ser mãe... Toda mulher acha que não está... Mas chegando a hora, tudo está pronto.
ExcluirPenso que tu tenhas razão... Deus sempre provê!
ExcluirBabadooo essa cronica de hoje!!! Hahaha
ResponderExcluirPuxa vida!! E vocês como exemplo de 'eternidade' sempre citam nossa passadinha em uma loja...Aceitem, talvez,sejam um exercício que provavelmente também entrarão na conta para a salvação de vocês...kkkkkk
Ri muito aqui quando tu falas que pela oraçao de tua mãezinha tu podes ser salvo....😁😁😁😁😁
Ah!, eu fico muito mais tranquilo se não depender do meu juízo e livre arbítrio... melhor será se puder ser salvo pela fé da minha mãe!!!!!!😁😅
ExcluirO meu falecido pai costumava sempre dizer que ia ao longo da vida acumulando indulgências com o divino e eu compactuo com esse pensamento já que torna mais fácil achar que o que virá depois do fim seja o retorno do que de bom fizemos neste plano, colheremos o que plantamos. No seu caso acho que o seu baú de indulgências já transbordou.
ResponderExcluirRsrsrsrsrs........ acho que tenho é uma dívida muito grande por tudo de bom que recebo mesmo sem merecer!!!
Excluir“A quem muito é dado, muito será cobrado”!
Eita, Agostinho era fera, então? Mas no final de todo o "babado" (adorei a expressão rsrsrs) três viraram santos numa só lapada kkkkkkkkkkk e vc Luis Augusto? Tá seriamente preocupado com essa questão né? Relaxa, como disse, essa de ficar esperando a esposa nas compras, uma ETERNIDADE, já conta na remissão dos seus pecados, não? Ah, mas a salvação é individual, cuide -se que ainda dá tempo rsrsrs
ResponderExcluirMinha grande amiga Eunice.... se a salvação é individual e depender de mim... corro risco de levar farelo...
ExcluirSe Santa Mônica conseguiu a conversão do filho, vai que D. Zélia consegue no mínimo uma meia-entrada pro filho dela no purgatório?
E tem também São Paulo que exorta que ser bom é um dever! Não é por sermos bons que teremos a salvação. A Graça é sempre IMERECIDA e vem pela misericórdia. Em outras palavras: sendo bons, poderemos ter a Graça, porque além de sermos bons, é preciso crer! Mas, se formos maus, daí, é farelo na certa!!!
E, sim, tenho certeza que esses momentos infindáveis de espera em liquidação possam diminuir o tempo na fila do purgatório... rsrsrsrsrs
Esse Santo Agostinho era mole não viu hahaha. Na próxima vez que for segurar as sacolocas arruma um lugar e senta assim não vai reclamar, nessa vida ninguém é santo rsrsrs este Augusto seu sua mãe tirou de onde em? Não foi do nome o santo não? Agostinho daí virou Augusto, mãe é mês só elas por nós nesse mundo!
ResponderExcluirAcho que loucos e santos, todos somos um pouco... Não somos de todo ruins... somos sempre passíveis de atos maravilhosos e despretensiosos... como também somos capazes de atos ruins...
ExcluirO importante é fazer o lado santo estar sempre a frente....!
A crônica é ótima! Santo Agostinho, grande filósofo! “ Confissões”, uma grande obra!
ResponderExcluirTodavia, quero, aqui, refletir um pouquinho sobre a santidade do Santo e a santidade da Santa, mãe do Santo.
Fala-se muito na vida desregrada que AURÉLIO AGOSTINHO viveu, antes de sua conversão, acontecida quando o próprio, já homem taludo de 30 anos, abandonou tudo o que fazia, abraçou a fé católica e foi para o convento.
Acontece, entretanto, que ao contar os excessos desse senhor, mistura-se a isso um grande amor, que durou mais de doze anos e gerou um filho, como se esse amor fosse uma relação abjeta e sem qualquer importância.
FLÓRIA EMÍLIA era o nome da mulher de Agostinho. ADEODATO, o nome do filho dos dois.
Muito se comenta sobre o sofrimento de Mônica, quando Agostinho, seu filho, não seguia o que ela lhe apregoava. Diz-se, até, que o sofrimento de Mônica foi tão demais, tão intenso, que chegou a fazê-la santa.
Entretanto, quase não se fala sobre o quanto FLÓRIA EMÍLIA sofreu. Vejamos!
- Flória padeceu pelo tanto que Mônica, durante todos os anos que durou a relação, investiu para separá-la de seu amor (eu soube que Mônica era o cão!);
- penou pelo fato de se relacionar com o homem que amava, sem ser casada;
_ sofreu horrores por esse homem abandoná-la e abandonar o filho;
- e, por fim, sentiu a dor mais intensa do mundo que, provavelmente, a fez achar preferível nunca ter existido, quando Adeodato, seu filho, filho de Agostinho, morreu antes de completar vinte anos.
E ninguém a chama de SANTA! Santos, só Aurélio Agostinho e sua mãe, Mônica. Ninguém dá trela para essa mulher! Ninguém a trata com piedade! Ninguém a olha como Jesus olhou certa mulher, em situação similar, nem igual era!
E mais! Na grande obra de Agostinho, “Confissões”, ele, apenas em umas duas linhazinhas, fala em Flória. Foi este o legado de FLÓRIA. Foi isso que lhe sobrou na história da vida do santo.
E não venham me dizer que esse desprezo todo foi porque esses fatos aconteceram naqueles idos tempos. Desprezo é desprezo em qualquer tempo. No passado, agora, e será sempre.
Ah! Sobre o assunto em questão, recomendo a leitura de um livro muito bom, chamado: VITA BREVIS, cujo autor é JOSTEIN GAARDER.
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Perdão, Meritíssimo! Mas o espírito da mulher que quer JUSTIÇA, quando baixa em mim, viro MARIA MILIUM. Tu sabes! Tu me conheces um pouquinho!
Mas de qualquer forma, perdão, mil perdões eu peço, por mais uma vez invadir teu espaço!
Dou-te um beijo de PAZ!
Que sempre seja invadido!!!!!
ExcluirÉ maravilhoso podermos contar com outras visões e outros entendimentos!!!
Mais que isso: maravilhoso poder aprendermos sobre personagens que passam despercebidos...!!!! Flória da história, da romance e da crônica!!!! Como a que fizeste: “A Defesa de Flória”!!!
Maravilhoso!!
Obrigado!!!!!!!!
Hoje conheci melhor a história de Santo Agostinho e Santa Monica, confesso que não conhecia a Flória, mulher de Agostinho e Adeodato, seu filho. Sempre soube que Agostinho era da "pá virada" e sua mãe rezou por 12 anos para sua conversão, mas hoje estou certa que existem outros santos na vida de Agostinho e Monica, Santa Flória e São Adeodato que pelo visto suportaram o preconceito e abandono, que naquela época era muito pior com as mulheres. Quase sempre injustiçadas pelo simples fato de serem mulheres, mães, taxadas de bruxas, impuras, quando menstruadas, enfim, justiça seja feita a Flória e seu filho, são cinco os santos dessa história. Obrigada Ana Macedo por nos contar de
ExcluirFlória e seu filho, obrigada poeta Menna por escrever essa crônica.
Então... Em muitos momentos da história humana as mulheres são esquecidas... Em certa época, antes de ser mãe ainda... li um livro chamado As mulheres do Evangelho. Que faz referência à muitas mulheres que passam despercebidas até mesmo nos escritos sagrados. Li meio de contrabando... Por ser um livro da doutrina espírita. Que também reverencia Maria. Sempre admirei Sto.Agostinho como filósofo... E acho que as experiências vividas por ele o fizeram quem foi... Essa coisa de santificar o masculino é lá com a Igreja... Mas santas mesmo são as mulheres.
ResponderExcluirDo ventre Santo, casto ou não, nascem todos nós. Penso eu...
Até! 🌹
É mais que isso, Sílvia. A Igreja Católica, e eu posso falar porque é a minha Igreja, é santa e pecadora, na mesma proporção. A dívida dela para com as mulheres é imensa.
ResponderExcluirVeja você que, quase entrando na terceira década do século vinte e hum, a mulher ainda é um ser humano de segundo plano, na Igreja Católica. Só homem pode ser sacerdote, porque só homem pode administrar certos sacramentos. Por quê????!!! Que ser é esse de primeira linha? Ser de importância maior? E a mulher? O que lhe falta ou o que lhe sobra, para ser vista pela Igreja como um ser humano integral, assim como o homem?
Tenho alguns amigos sacerdotes. Aliás, dois deles, meus amigos-irmãos, pessoas com quem tenho toda intimidade, são bispos. Melhor, um deles é arcebispo. Pois bem! Isso que falei aqui, falo com eles. E eles percebem que tenho razão. Eles e muitos outros que, também, têm a cabeça aberta e uma visão verdadeiramente cristã da vida.
Mas... um bocado de gente dentro da Igreja... Sei não, viu?
Tens toda razão. E também sou católica como tu. Mas fui sempre acompanhada de amigos... Conhecer outros campos (vários) mas apesar das verdades escondidas nos homens do clero... Ainda sou devota à Santa Igreja e Nossa Senhora. Que, aliás, sou fã!
ResponderExcluirQuanto aos pecados... Ao patriarcado e as tradições... ferramentas políticas não escapamos. Fato!
ResponderExcluirMas observa o Papa...
Bjs