domingo, 17 de fevereiro de 2019

bora cronicar - 1001 Utilidades

Bora Cronicar

1001 Utilidades

Ouro dia, meu filho estava vendo YouTube, e apareceu o ator Carlos Moreno. Lembram dele? Do comercial do Bombril, aquele esfregão de lã de aço. O João estava vendo alguma coisa sobre recordes e descobriu que esta foi a campanha publicitária mais duradoura da história da TV mundial com o mesmo ator! E ele ficou intrigado com o slogan que em que o ator dizia que “Bombril tem 1001 utilidades”. Como assim, 1001 utilidades?
Bem, deixa eu explicar algumas coisas. O João está numa fase bem “literal”, ou seja, se falam 1001 utilidades, ele quer saber quais são. Na verdade, o João não conhecia nenhuma das utilidades! Nenhuminha! Nem a utilidade “padrão”, que é arear panelas, ele conhecia. Daí, claro, eu expliquei para quê serve o Bombril. Mas então, ele perguntou:
“Tá, e as outras 1000?”
Eu falei que mil eu não conhecia, mas tinha algumas tradicionais, falei pra ele. Ele quis saber que “tradicionais”? E eu falei, por exemplo, a clássica utilidade de melhorar o sinal da TV colocando Bombril na antena!
“O quê? Que antena?”
Pois é… o João tem 11 anos. Ele não sabe que as TV’s tinham antena! Daí, quando eu tentei explicar que a gente tinha que ficar movimentando as antenas de um lado para outro até achar a melhor recepção de sinal, ele achou engraçado, e pediu para que eu contasse mais. E ficou assombrado em saber que além da antena na própria televisão, todas as casas tinham uma antena externa, quase num formato "espinha de peixe”, normalmente em cima do telhado. E, quando vinham ventos fortes, viravam a antena de posição, e a gente tinha que subir no telhado, ou pegar uma escada e ficar o mais perto possível para ajeitar a antena com o sarrafo que servia para erguer a corda do varal… 
Nooooooossa…! Foi muita informação: "antena externa", "sarrafo", “varal"…? Tentei explicar tudo devagar! Um mundo pré-histórico surgiu aos olhos do meu pequeno João. Ficou impressionado ao saber que havia uma roda que girávamos para trocar de canal. I E isso, quando mais de um canal tinha sinal! Nem me arrisquei a contar acerca das TVs em preto e branco (a da nossa casa era assim) que muitas pessoas colocavam papel celofane na frente pra ver com alguma cor.
Isso é do teu tempo? Báh, então teu maior problema de saúde já começa a ser “feliz aniversário”!
Eu fiquei pensando que quando eu era criança, isso tudo era parte de nossa rotina, e nada soava estranho como para o João soa, hoje. Mas eu lembro que ficava rindo e imaginando como o mundo deveria ser chato no tempo do meu pai, que contava que no tempo de criança dele nem havia televisão! “Que mundo chato”, eu pensava! Como pode haver um mundo sem televisão? Eu lembro que eu li uma tirinha (história em quadrinhos publicada nos jornais) em que havia a “Família Brasil” do escritor Luís Fernando Veríssimo e, numa dessas o neto estava no colo do avô que contava para ele que no seu tempo não havia televisão. E o garoto perguntou: “Mas então, onde vocês ligavam o videogame?”
A lógica do João é essa do garoto. Se eu contar que não havia internet, é capaz de o João perguntar mas então como a gente via os vídeos do YouTube? É difícil pensar em um mundo sem algo que faz parte do nosso dia a dia desde que nascemos!
O meu dia a dia tinha pasta de dentes Kolynos. Aquela amarela, com as letras verdes. Os tubos eram de uma espécie de metal, com a tampa verde fininha. Lebram? O Nescau era vendido em latas que a tampa, quando estava atarraxada, a gente tinha que abrir enfiando o cabo de uma colher por baixo e, depois, tinha de cortar o lacre, em um metal muito mais fino!  As mães davam Biotônico Fontoura para os filhos!
A novela das 8 (20h) começava mesmo às 8. E era um evento para a família. E havia aquela coisa muito legal que, antes do último intervalo anunciava: “a seguir, cenas dos próximos capítulos”. Daí, se a gente queria saber se já estava terminando a gente perguntava: “Já deu o ‘a seguir’”?
Era um tempo de lojas de departamentos; tempo em que a gente se programava para ver aquele filme legal na Sessão da Tarde, e no intervalo a gente corria para ir no banheiro, porque não havia a tecla de pause.
Pensando em tudo isso, fiquei imaginando, quando chegar na vez do João contar para seus filhos como era o mundo no tempo dele… Talvez explicar que ainda tinha que ter o "imenso" trabalho de colocar o iPad para carregar em um fio, ou que ainda tinha lugares em que se pagava com dinheiro de papel espante muito os filhos dele, meus netos… Fico pensando quais aparelhos com tecnologia de ponta hoje, serão inimaginavelmente obsoletos para meus netos no futuro.
Lembram que tudo começou porque o João queria saber das 1001 utilidades do Bombril? Lembrei de mais uma: trazer o passado de volta, com esse delicioso sabor de nostalgia…!
Luís Augusto Menna Barreto

18.2.2019

15 comentários:

  1. Eita! Jurava que ia cair com as utilidades dos maridos...rsrsrsrs
    Nostalgia pouca é bobagem...
    Então vou compartilhar que na casa da minha avó os vizinhos se reuniam na janela na hora do Show da Vida... E dos Trapalhões... E como era bom isso... rsrsrsrs
    Boa Dr. Menna!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Ah..... sobre maridos eu teria que pensar muito.... tava fazendo a lista e não consegui chegar nem a 10 utilidades....
      Mas não vou descartar escrever, quem sabe, sobre as poucas utilidades dos maridos....!!!! 🤦🏻‍♂️😅

      Excluir
  2. Nossa!! Agora fiz uma viagem no tempo!!
    Antenas com formatos de espinha de peixe, pasta Kolynos meio que metalizado o tubo,TV preto e branco,Biotonico Fontoura (veio-me até a imagem do senhorzinho do comercial)...
    Sobre as outras 1000 utilidades eu nem preciso mais saber, só sei que essa que me causou até uma certa nostalgia, de ter sido possível, relembrar esses detalhezinhos, foi maravilhoso...E sabe Poeta,eu tenho saudades desses tempos...Ah!! Eram tempos bons...Sabe como defino a crônica de hoje!? MARAVILHOSA...

    ResponderExcluir
  3. Doces lembranças da nossa infancia...Então,como esquecer do Sitio do pica pau amarelo...Boas lembranças nos vem a mente nesta manhã de segunda feira...Obrigada poeta

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. “(..) marmelada de goiaba, goiabada de marmelo... Sítio do Pica-pau Amarelo...”
      Cuca, Visconde de Sabugosa, Emília, Pedrinho, Narizinho.... como vocês fazem falta nesse mundo de eletrônicos.....

      Obrigado, Maura....!!!!!

      Excluir
  4. Confesso que duvidei que os maridos tivessem 1001 utilidades, por isso votei no bombril lá na enquete,esse sim, tem muitas utilidades. Ah, qtas lembranças nos trouxe o cronicar de hoje, coisas de um passado tão bom e sossegado. Fui do tempo sem TV e de brincadeiras na rua com as coleguinhas; mas muito bom com a chegada da tv, a primeira coisa que vi foi os trapalhões, amei, me apaixonei pelas novelas, isso fora todas essas coisas que você citou, vivi isso tudo. Uma volta ao passado esse cronicar. Muito bom. Gostei.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Como é bem revisitar.... vem, senta aqui, amiga Nice, bora relembrar e cronicar com os amigos.... ah.... eu não perdia os Trapalhões por nada.....!!!!!!!

      Excluir
  5. Recordar é viver... Quanta doçura nestas lembranças. Fiquei pensando se colocarias a mais fantástica utilidade do Bombril, a mais fascinante de toda a minha infância. Era quando prendíamos um cordão nele, girávamos com muita rapidez em forma circular e dele saia pequenas estrelinhas que iluminavam as noites juninas. Era mágico.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Que linda lembrança....
      .... essa eu fiquei com medo de colocar e plantar essa idéia na cabeça de crianças de apartamentos...!!🤣😂!!!

      (... mas vou fazer com o João, quando a Ana não estiver perto!)🤫😁😁

      Excluir
  6. Recriando o clichê eu diria "recordar é viver", afinal o passado, principalmente a nossa infância, quando bem vividas é o alicerce para o nosso futuro. Ao lermos sua crônica é impossível não nos remetermos as lembranças passadas: das acrobacias das mangueiras no quintal, das brincadeiras de esconde-esconde, adoletá, queimada, amarelinha e por ai vai..., cronica deliciosa, desculpa poeta rsrsr, mas hoje os aplausos vão para o lindo João.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Que todos os aplausos possam, sempre e pra sempre, serem pra ele...!
      Meu pai dizia: "quem meus filhos beija, minha boca adoça"... E hoje eu o entendo...!
      Super obrigado!

      Excluir

Bem vindo! Comente, incentive o blogue!