terça-feira, 19 de fevereiro de 2019

bora cronicar - Teoria (e Prática) da Relatividade

Bora Cronicar

Teoria (e Prática) da Relatividade

Falando sério, quantos de vocês, profícuos leitores, realmente entendem a Teoria da Relatividade do Einstein? Eu confesso que se eu estivesse na platéia para qual fosse dirigida essa pergunta, eu olharia para os lados para ver se teria muita gente levantando a mão… se a maioria levantasse, eu também levantaria, mas torcendo muito pra que a pergunta não fosse pra mim!
Eu já passei por situações parecidas. Uma vez eu dormi em uma aula no auditório da faculdade, e acordei com o professor ao meu lado, quase sussurrando: “o senhor concorda?” Eu acordei com aquela frase na cabeça, sem saber ainda se estava sonhando ou dormindo, naquele momento de banzo, e descobri que eu havia acordado mesmo, quando notei o silêncio absoluto, o professor com as mãos postas à frente de seu paletó, e todos, absolutamente todos no auditório, virados pra mim. Havia tensão no ar, porque o professor tinha fama de “carrasco" e o percentual de aprovação em suas matérias era menor do que 50%. 
… e eu descobri que realmente, sou um filho relapso e querido por Deus. Eu não fazia a menor idéia de qual teria sido a questão ou a pergunta, mas naquele momento, veio uma inspiração como jamais antes eu tivera. Reuni toda minha coragem (que pode ser traduzida por “cara de pau”), e respondi ao professor: “O senhor poderia repetir? Eu tenho certeza que sei a resposta, mas não entendi direito a pergunta”. 
A tensão do momento, dissipou-se com o professor exibindo um sorriso e simplesmente continuando de onde eu presumo que ele havia parado, caminhando em direção ao púlpito do auditório! Eu fui aprovado naquela matéria. E a única vez em que o professor falou comigo novamente, foi depois de eu entregar a prova final, quando ele apertou minha mão e disse: “o senhor vai ser um bom advogado, Augusto”.
É, o professor me chamava de “Augusto”. Ter nome composto é isso: uns chamam de Luís, outros chamam de Augusto, outros, ainda, escolhem o sobrenome. Amigos de infância chamam pelo apelido… Mas, de todas as formas, a pior, indiscutivelmente, é essa: “Luís Augusto!” Assim, com ponto de exclamação no final. Eu tinha um amigo de infância com o nome parecido com o meu: Luiz Gustavo! Mas o apelido era (e ainda é) Cuca! Todo mundo chamava ele de Cuca, até os pais. Mas o terror instalava-se no Cuca, se ele ouvia: “Luiz Gustavo”.
Por quê? Ah… pelo óbvio! Chamar pelos dois nomes, é coisa de mulher! Seja mãe, esposa ou namorada, quando chamar você por dois nomes… prepare-se! 
Acho que isso é uma espécie de convenção feminina: elas nos tratam com carinho, chamam a gente das formas mais carinhosas: “amô”, “vidaaa”, “mozinhôoo”, que são apelidos digamos, mais “universais”, ou mesmo pelos apelidos particulares: “Chiquinhooo”, “Fêêê…” ou “Duduu” (todos dessa maneira que só elas sabem fazer, deixando a vogal quase como um eco, perdendo-se no final de uma palavra pela metade, como quem vai abaixando o volume do rádio bem devagarinho)… Mas espere! Seja mãe ou namorada, basta a gente aprontar alguma e lá vem: “Francisco Carlos!”, “Fernando Augusto!”, ou, ainda, “Eduardo Henrique!” Todos assim, com as silabas bem pronunciadas, sem perderem um pingo de “i” sequer, com imposição e ponto de exclamação!
Então você, com seu nome não composto, perguntaria: “e quem tem um nome só?”  Bem, elas dão um jeito: usam um sobrenome! O João apronta? Lá vem: “João Menna!” Daí, coitado. Como todos nós, homens, coitados, quando somos chamados por dois nomes pelas mulheres. 
E o que isso tudo tem a ver com a teoria da relatividade, que eu comecei falando? Tudo! Podemos não saber definir a Teoria da Relatividade, mas as mulheres fazem com que a gente vivencie a Teoria e a compreenda sem saber sequer explica-la. Entre outras coisas, a Teoria fala que o espaço e tempo não são uniformes. As mulheres provam isso! Por exemplo: se ouvimos a mulher dizer nossos dois nomes, seguido de “vem aqui, agora", o tempo e o espaço mudam na hora. Não há tempo para mais nada, não conseguimos pensar, raciocinar, e já vem o arsenal de acusações com argumentos irrefutáveis (por que irrefutáveis? Experimente contra argumentar quando você for chamado por dois nomes e descobrirá por si só!). 
O tempo simplesmente dispara entre o pronunciamento de nossos dois nomes e o momento de a encararmos. E o espaço some. Nós nem mesmo notamos a distância que nos separa e já estamos sendo encarados, como a presa é encarada pelo predador que a encurrala. 
E a mesma mulher que faz o tempo disparar, sabe congela-lo para que nós definhemos na angústia de nossas próprias culpas, se por acaso ela nos diz: “Luís Augusto, à noite nós teremos uma conversa!” Pronto: o relógio congela-se na parede, a distância que nos separa é sempre longa demais para percorrermos, ficamos com a impressão que estamos naqueles sonhos em que tentamos correr e não conseguimos… E o tempo passa lentamente, como que marinando nossa ignomínia, nossa rendição prévia, nosso ato de contrição.
Há muitos outros exemplos sobre a alteração do tempo causada pelas mulheres, como, por exemplo, quando estamos esperando elas escolherem o vestido ou quand….
Não dá tempo de terminar!
Acabei de ouvir: “Luís Augusto” pronunciado pela Ana… droga, eu sabia que deveria ter trocado a lâmpada da cozinha ontem!

Luís Augusto Menna Barreto

20.2.2019

20 comentários:

  1. 👏👏👏👏👏👏
    Perfeito!!
    Só li verdades!!!Mas tambet funciona o contrário viu Poeta!?? Simm...O Nonato (Meu bem)me chama exatamente assim: "Meu bem".Quando vejo um chamado de Michele!!Já sei que tem algo errado!! Hahaha...
    Pois é!! Funciona bem assim,de ambas as partes...Eu sou o exemplo vivo dessa 'relatividade'...Os 'apelidos' variam conforme a situação ou o humor... Crônica perfeita,como sempre!!!
    Bom dia!!!!

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    1. Ah.... pode até haver exceções para os dois lados... mas que isso é muito mais prerrogativa das mulheres, isso é!
      ... eu gelo se ouvir meus dois nomes seguido de "vem cá..."...!!! rsrsrsrs

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  2. Nossaaa...
    Isso é tao verdade e mesmo eu sendo mulher e acontece no meu trabalho onde muitos só me chamam pelo apelido é muito estranho um deles me chamar pelo nome, a minha pergunta e automática e logo em seguida O QUE FOI QUE EU FIZ ??????

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    1. Ehhhh... descobri que é a Lola!!!!!!

      Tua reação é igual a do João... se ele é chamado de "João Menna", com ponto de exclamação, ele larga o iPad correndo, fica preocupado e pergunta: "o que foi que eu fiz"??!!!!!!!

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  3. Muito bom, exatamente assim! Adoro suas crônicas Menna. Parabéns! 👏👏👏👏👏

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    1. Diga aí, amiga Sônia: vocês mulheres tem uma espécie de confraria secreta onde recebem um manual para aprender essas coisas todas, sobre como deixar os homens acuados apenas com uma expressão..??!!!!!

      rsrsrsrsrsrs

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  4. Amigo aqui em casa funciona assim também. Um nome com uma entonação de acordo com a questão. Ja sei como reagir sempre. Tô bem treinado, sei quando devo avançar ou recuar, pra evitar confusões. Gostei muito da crônica.

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    1. Amigão, o segredo é não esquecer de trocar as lâmpadas, estender a toalha molhada e levar o prato do almoço direto pra pia!!!!

      ... e todo o resto, a gente torce pra não fazer bobagem... rsrsrsrs

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  5. Bela crônica. Gostando mesmo... Parabéns!
    É verdade, as mulheres têm poder. Vários. 🌹

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    1. Eu ainda mantenho minha opinião: vocês devem ter uma sociedade secreta onde recebem lições e uniformizam os procedimentos!
      É muito poder mental... rsrsrsrsrs

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  6. Luis Augusto se amedronta diante da convocação pelo nome composto? Não é a consciência o acusando de algum mal feito? Normalmente é, não? Gostei mesmo foi da sua esperteza( cara de pau) quando foi pego dormindo na aula rsrsrs Deus gosta de você, saiu super bem né? Adorei o cronicar de hoje e todas as expressões de amor quando tudo tá em paz.

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    1. Ah!, amiga Nice... eu confesso... normalmente, sou eu que dou motivo para ser chamado por dois nomes... rsrsrsrs.... mas mesmo assim, bate aquele pânico!! rsrsrsrs

      Quanto aos apelidos, eu tenho razão não tenho...? São inúmeros casais que conheço que se chamam assim, por esses "apelidos carinhosos"...!!!!!!!!

      Que delícia que tu apareceste pra cronicar!!!

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  7. Respostas
    1. Suuuuper obrigado!!!!
      Bora matar essa saudade!!! Vem cronicar com a gente!!! Estamos aqui todos os dias!!!!

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  8. Eu aprendi com minha mãe, quando ela me chamava de Telina Maria, já sabia que alguma coisa ela não estava gostando e vinha bronca na certa, mas as broncas dela eram sempre cuidadosas e carinhosas, sem magoar ou ferir como só mãe sabe fazer, ah quanta saudade dela.

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    1. ... mas mesmo assim, com carinho, a gente sempre ficava morrendo de medo, né?!!!

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