bora cronicar
As Asas da Lalá
Lagartas não são bonitas.
Tudo bem, tu podes ser um biólogo, ou um “lagartólogo”, ou sei sei lá, alguém com olhos maravilhosamente generosos que aprecia todas as criaturas e vê beleza nelas… mas, cá entre nós… não são bonitas. Lagartas, não são bonitas!
Mas daí, vem aquela parada toda: A Lalá ( vou chamar nossa lagarta de “Lalá” para criarmos alguma intimidade com ela até o final da crônica e justificar o título) enche a pança de folhinhas, e vai ficando ali, “lagarteando”, paradinha, começa a formar um casulo… vai-se enrolando, enrolando, até que pronto: cadê a Lalá? Nunca mais! “Babaus”! Foi-se! Já era! Se tu a achavas feia ou bonita, lamento, mas nunca mais verás a Lalá! Pode ser ate que existam bilhões de outras (alguém aí tem o número da população mundial de lagartas?), mas aquela lagarta, aquela do começo desta crônica, a Lalá, nunca mais!
Então, se tu não és cientista e foste um aluno normal, daqueles que não lembra direito a função de uma mitocôndria, tu não sabes o que acontece lá dentro do casulo! Tu até sabes o resultado, mas o que acontece lá dentro durante aquele período de uma semana até um mês, tu não sabes. Ou tu és um entomologista? Se não és, tu não sabes!
O que sabemos todos é que alguma coisa acontece! E vou afirmar do alto do meu conhecimento atestado pelo certificado de palpiteiro: nem a lagarta sabe o que está acontecendo com ela!
Na verdade, a Lalá dentro do casulo, assim que se sente completamente envolvida, já não tem consciência de si mesma. Por mais que já possa ter sido desvendada a descrição do que acontece, com nós, humanos, senhores de todos os conceitos, tendo dado nome a cada fase, a cada elemento químico do processo de transformação da Lalá, não conseguimos explicar o que acontece. Veja-se que descrever é diferente de explicar. Assim como sentir é diferente de explicar. Há mil exemplos disso, e o amor é um dos melhores, porque em geral, sentimos e não sabemos explicar. Muitas vezes até descrevemos o que sentimos, mas não conseguimos explicar.
Pois a Lalá estava lá, sem mais nem se saber Lalá, sem mais nem ter consciência de que era Lalá, sem ter consciência, sequer, do que era. Não se sabia mais lagarta. Não sabia das transformações em si.
A Lalá levava sua vidinha de alguns meses, com uma única preocupação: encontrar folhas saborosas e ir devorando, com calma, arrastando-se por galhos próximos uns dos outros, enchendo sua pança, até que, por simples instinto, sentiu-se satisfeita, enrolou-se e… ganhou asas! De repente, sem nem saber que fora um dia Lalá, viu-se de asas e passou a ganhar o mundo. Jamais voltou ao casulo. Jamais soube sequer que fora “Lalá, a lagarta”.
Por que estou falando na Lalá?
Bem, hoje eu estava sem idéia nenhuma. Nada. Parece que meu cérebro estava somente comendo folhinhas, e seguindo em frente. Daí, em uma das redes sociais, respondi a um comentário (enquanto escovava os dentes e lia “Contagem Regressiva” do Ken Follet - tudo mais ou menos ao mesmo tempo) e tive a idéia pra falar sobre a Lalá.
Porque às vezes, acho que a literatura, os textos, poemas, crônicas, são como lagartas… ficam ali, de alguma forma tranquilos, simplesmente alimentando-se… em algum lugar encontram folhas em nosso cérebro e ficam como a Lalá, engordando. Até que, de repente, resolvem “encubar-se”, “casular-se”… e, de repente, viram letras!
Assim que damos letras aos pensamentos, perdemos o controle sobre eles. Sequer eles podem pertencer-nos mais. São livres para serem vistos e cada um os vê e apropria-se deles conforme sua própria visão, conforme seu próprio sentimento.
Então eu descobri que os pensamentos formam-se em casulos no nosso cérebro.
…
As letras, são as asas do pensamento.
(Obrigado Cida Celistre)
“Mas que lindo… peço licença para compartilhar”
- Sobre o pequeno texto “…batalha!”
“Jamais precisas pedir licença…
quando o pensamento transforma-se em letras, ganha asas…!
Luís Augusto Menna Barreto
10.6.2019
Você é genial!!!! Até falando de lagartas deixa o texto sensacional!! Brincadeira...Adorei a analogia feita e super concordo contigo... É exatamente assim que acontece no processo de letramento e alfabetização de nossas crianças... Perfeito, perfeito!!! Aplausos,aplausos!!👏👏👏👏
ResponderExcluirBom dia, Michele!!!
ExcluirIsso que é falta de idéias... rsrsrsrs.... tive que recorrer a história de uma lagarta!!!
Barbaridade!!! Eu acho essa parada dos pensamentos um barato! Eu estava sem idéia nenhuma... cheguei a "criar" duas "lagartinhas" do Pilha, uma história na praia, outra na missa (idéia dada pela Nice, nossa amiga aqui do bogue e do Twitter - Eunice Martins)... mas são lagartinhas, ainda... acho que nem começaram o casulo... qualquer dia, ganham asas...
Daí que, escovando os dentes, lendo "Contagem Regressiva" e vendo rede social (tudo ao mesmo tempo), veio a idéia!!!! Vai entender isso???
Mas eu lembro quando aprendi a ler. É incrível, mas eu lembro o EXATO MOMENTO em que deu um "clic" (ou percebi as asas)... eu comecei a falar alto o fonema de cada letra: "iiiiii" "vvvvv", "oooo".... "iiiiiii", "vvvvvv", "ooooo"... e, de repente: 'Ivo"!!!
Daí, continuei: "vvvv" "iiiiii" "uuuuu" - "viu" a "uuuuu", "vvvvv", "aaaaaa" - "uva"!
"Ivo viu a uva"!!!!!! Foi mágico! A primeira frase!!!!!
Mágico...!!!!
Adoro está metáfora. Me.representou hoje.
ResponderExcluirSimples.
Ah!, guria.... como é bom saber disso...
Excluir... hoje estás no casulo, ou criaste asas...???!!!!!!
Vem... bora voar com a Lalá...
Criei asas.
ResponderExcluirMas às vezes penso que um novo ciclo de lagarta, casulo e borboleta tende a se repetir...
Seria possível, Poeta ?! O que achas? !
O tanto que pensarmos, é o tanto de asas que criaremos....!
ExcluirSolta-as todas!!!!!!!!!!
Claro! Estás certíssimo!!!
ExcluirObrigada!
Obrigado eu, guria!!!!
ExcluirQue linda crônica, algumas lagartas são bonitas, pelo colorido que possuem, acho perfeita a metamorfose que ocorre com elas, se fecham, para depois se abrirem no vôo de liberdade. Amei a comparação das palavras ficarem na casulo da mente e as letras são asas, uma coisa difícil de explicar, mas não é difícil de entender. Simples e complexo ao mesmo tempo rsrsrs
ResponderExcluirNice... super obrigado por sempre vires aqui comentar!!
ExcluirEu também gostei do resultado final de uma manhã sem idéias... a Lalá salvou a crônica...!!!
... na verdade, tem duas idéias que tu me deste que estão no casulo... um dia, ganham asas: a do Pilha na missa; e os "canibais devoradores de livros"!
Que legal, idéias no casulo, um dia vão sair em lindas palavras, compondo uma maravilhosa estória, muito bom.
ExcluirIdéias que tu plantaste....!
ExcluirOi, Nice! !
ResponderExcluirOi Sílvia, tava me lembrando de você, pq sumiu? Bom te reencontrar 😘😘
ExcluirVoando Nice... Voando.
ResponderExcluirNão sumi... Ainda não.🍃🌻
Bora voar com a Lalá....!!!!
ExcluirLinda associação, asas - vôo - liberdade = felicidade
ResponderExcluir... adorei essa aritmética do sentir..!
ExcluirCrônica belíssima, só vejo preciosidades neste blog, me encantam as borboletas e porque não as lagartas também!!dentro de cada um de nós existe uma lagarta que deseja ser livre, romper casulo e voar! para o jardim da minha vida quero pessoas borboletas sabe aquelas que iluminam nossa vida e tornam colorida.
ResponderExcluirObrigado demais, Nilce... que teu jardim fique assim: borboletando...!!!
ExcluirQue amor esta crônica! Alternamos a vida entre pacientes lagartas e borboletas coloridas, percebo agora que , nesta segunda-feira tristonha , estava eu uma lagarta até conhecer a Lalá! Borboletas me trazem uma mensagem espiritual de leveza e paz, a capacidade que temos em transformar nossas vidas através de momentos de sabedoria , de evolução espiritual e alegria. Boa tarde!
ResponderExcluirDenise... eu acho que não há maior justificação da literatura, do que quando conseguimos tocar alguém...! Quando as palavras, mais que elas, os pensamentos que elas, enquanto asas, carregam, entram quase invadindo, almas e corações...
ExcluirComo fez bem, a mim, ler este teu comentário! Super obrigado...!
Em pensar que eu caçava borboletas, e prendia as coitadinhas na latinha, hoje sei, mais lindas são voando, borboleteando!!! Já os vaga-lumes, esses ficavam guardados no vidro, para que eu pudesse ver o piscar das luzes!!! Hoje me tornei uma pessoa melhor!!! Kkkkkkkkkkk!!! Que tuas asas continuem a enriquecer nossos dias e nossas almas!!! Obrigada amigo, que orgulho de ti!!!
ResponderExcluirTatay..... eu fico meio “inflado”, com o ego por explodir lendo isso de ti...!!!!
Excluir... fico meio sem palavras.... então, bora pegar nossas asas e ir procurar vaga-lumes.... bora, vem....!!!
Quero voar com a Lalá!!!!
ResponderExcluirSaiu do casulo e virou uma linda borboleta, ou melhor...uma flor com asas!!!!
Sou apaixonada por essas criaturinhas lindas e também sou apaixonada por letras!!!!
... e imaginas unindo os dois....?
ExcluirBora formar borboletas com letras....
vem...!!!!