Bora Cronicar
Pai de Primeira Viagem - parte 3
Eram 6h01 do dia 12 de julho de 2007, a manhã mais fria daquele ano.
Nas ruas, o termômetro marcava -1º C em Porto Alegre. Disseram-me que eu não me preocupasse: ele era “PIG”, mas aparentemente, estava tudo bem. Descobri depois, que “PIG" era a sigla de “pequeno para a idade gestacional”.
Eu ouvi o choro… talvez, o som mais bonito que eu já tenha ouvido em toda a minha vida… Eu olhei e havia um sorriso na Ana, um sorriso que acho que jamais poderei dimensionar. Acho que só quem sentiu sair de dentro de si um outro ser, pode compreender. Uma compreensão que o Criador reservou apenas às mães.
Eu estava ali, procurando manter-me em pé, tentando ver pra que lado o mundo estava girando… e vi um monte de braços verdes segurando aquela criaturinha que instantaneamente, com o primeiro som, havia-me modificado por completo. Eu simplesmente senti que nada jamais na minha vida seria igual. Foi como se me tirassem das mãos um roteiro que eu já conhecia e outro fosse entregue. E em todas as minhas falas, todos os meus gestos, todos os meus pensamentos, foram incluídos ele… eu ainda não havia olhado em seus olhinhos… não havia sequer tocado em sua pele… e já estava completamente envolvido por ele.
Em um instante que jamais saberei precisar, trouxeram-me limpo, enrolado em uma toalha. E disseram-me para segura-lo. Pela primeira vez em minha vida, eu segurei um bebê recém nascido nos braços. Ele cabia inteiro na extensão do meu antebraço. Leve como uma pluma… inquieto como em todos os meus sonhos. Fui conduzido ate uma sala com três estufas e coloquei-o ali, sem a toalha, completamente nu… ao lado havia um outro bebê, que, perto dele, parecia imenso. E, então, pela primeira vez, eu pronunciei: “meu pequeno João”.
Ele estava pequeno e leve… por um segundo pareceu abrir os olhinhos e pareceu olhar para mim. A primeira meia hora de vida do meu pequeno João foi em cima de uma estufa, ao meu lado! Eu podia toca-lo… ve-lo… senti-lo… ali, eu prometi que seria seu melhor amigo a vida inteira. Que seria seu parceiro de aventuras.
Depois de meia hora, o João foi colocado em sua primeira roupa e foi apresentado aos familiares; então, fomos conduzidos ao quarto. Ele foi colocado ao lado da Ana. E eu vi: a partir daquele dia, ele roubaria a atenção… ele me faria perder o sono… ele “disputaria" a Ana comigo… Ele me traria mil preocupações. Eu me zangaria muitas vezes com ele. Ali eu vi que eu precisaria reaprender a viver…
… e mesmo assim, ele seria pra sempre, a melhor parte de minha vida.
Meu pequeno João! Meu melhor amigo! Meu parceiro de aventuras!
Luís Augusto Menna Barreto
15.5.19
Que lindo!!! Acho fascinante esse amor ao João!!
ResponderExcluir💕
Emocionante,eu chamo a crônica de hoje...
Obrigado demais, Michele...!!!
Excluir... eu penso que esse seja o amor de todo o pai por seus filhos!!!
Eu não consigo imaginar o tamanho desse amor, acho que é imensurável. Não tive
ResponderExcluira felicidade de ser mãe, mas considero meus sobrinhos como filhos e tenho um amor imenso por cada um.
Imagino um amor que chega a doer de tão intenso. Essa crônica foi bem intensa.
Incondicional...! Acho que essa é a palavra! Amor sem condições, sem limites, gratuito...! Amor que sequer espera reciprocidade, amor que se cria e invade...!
ExcluirAmor sem saber sequer dizê-lo...!
Como uma tatuagem, ficou marcado na alma aquele dia do primeiro contato visual e físico com uma criaturinha já tão amada,com a certeza que a partir dali tudo seria diferente pra sempre. Um constante aprendizado. Uma experiência única para cada ser. Emocionante, o cronicar de hoje, parabéns poeta.
ResponderExcluirEu até ia escrever algo bem humorado... mas simplesmente não consegui!
ExcluirAté hoje eu me arrepio lembrando... e meu pequeno João é um garoto imenso e saudável... e já está quase da altura da Ana!!!
O nascimento de um filho é, realmente, muito mais do que nossas pequenas palavras podem explicar! Todos os sentimentos são intensos demais!!! Somos tomados e levado por um redemoinho de emoções e surpresas sem fim!!!!
ResponderExcluirLindo CRONICAR, Poeta!!!!
Realmente, sem fim....
ExcluirEstou nesse redemoinho até hoje...!!!
Obrigado, Armelinda!!!!!!!!
Que coisa mais linda! Fiquei comovida com este relato. A vida é tão simples e boa...Com amor fica tudo muito mais fácil!
ResponderExcluirFoi mágico...! O instante que senti minha vida justificada!!!!
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