— Pronto! Agora eu vou tomar a vacina!
D. Orquidéia, a mãe da Lurdinha, quase foi às lágrimas. Já havia recebido a vacina há algum tempo! Depois, Tetê, a filha mais velha, também recebeu a vacina! A Dinorá não contava, era mais nova, mas trabalhava em farmácia e já havia recebido a vacina antes de todo mundo na casa!
Mas a Lurdinha, por muito tempo não quis ser vacinada!
A sobrinha, muito chegada, insistia:
— Mas tia Lurdinha…
— Não, Não e NÃO!
— Mas mamãe já se vacinou, a Tetê já se vacinou…
— Eu sei! E eu estou muito feliz por elas! Ainda mais a tua mãe, que não para quieta, e insiste ficar visitando todos os parentes, e entrando em ônibus todos os dias!
— Então, tia! Se tuas irmãs já se vacinaram, porque tu não queres?
— Não vou e pronto!
— Tia, até tua cunhada, já tomou vacina!
— Eu sei! Fiz questão de levar aquela uma que se acha no posto de vacinação!
— Mas então, tia… a senhora tem que ir…
— Já disse que não! Para de insistir, Maria Eugênia!
— Meu Deus, tia, mas eu não entendo…
Pois é. A Lurdinha, de jeito nenhum queria tomar vacina. Ninguém entendia! A sobrinha não sabia mais o que fazer para tentar convencer. As duas irmãs também. Nem os apelos da D. Orquidéia adiantaram!
Lurdinha sempre foi vaidosa, sempre se cuidou; até ali, passara a vida em uma renhida batalha com a balança. Malhava. Era sempre a primeira a ir tomar a vacina da gripe. Mas a vacina para COVID não tinha jeito!
— É medo de que coloquem um chip, filha?
— Que bobagem, mãe! Claro que não!
— Medo de virar Jacaré?
— Ah… eu seria uma jacaré linda né? Imagina meu bocão?! — debochou Lurdinha!
Enfim, ela parecia decidida.
Até que um dia, aparentemente “do nada”, ela anunciou:
— Pronto! Agora eu vou tomar a vacina!
Ela não deu explicação, mas todos ficaram alegres assim mesmo!
Apenas para a sobrinha ela confessou: como a vacina estava sendo ministrada por idades, ela tinha de esperar chegar na idade que ela anunciava!
Ou isso, ou iriam descobrir a idade que ela escondia!
Luís Augusto Menna Barreto
24.4.2021 para 27.04.2021